O reitor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Haroldo Reimer, está prestes a renunciar ao cargo e abrir espaço para uma eleição extemporânea. Aliados dele recomendaram que ele construa uma saída honrosa com o discurso de que está se imolando para pacificar a comunidade acadêmica e abrandar as investigações de inúmeras irregularidades que pesam contra ele. A credibilidade do reitor ficou seriamente abalada depois que o sita Dia OnLine divulgou em primeira mão a lista de pagamentos feitos pelo Pronatec para o próprio reitor e seus apaniguados.
A intenção inicial era que Haroldo Reimer se licenciasse para responder as investigações com tranquilidade e enquanto isso uma pessoa do seu staff continuaria no comando da UEG. Todavia, isso foi encarado pela comunidade acadêmica como uma manobra para afastar o calor dos inquéritos, deixar tudo esfriar e ele poderia pretender voltar dizendo que nada fora apurado.
Um técnico da administração central contou em um grupo das redes sociais que a administração passou os últimos finais de semana tirando o site da UEG do ar para poderem apagar vestígios de irregularidades e encobrirem as pistas que o Ministério Público recebeu sobre desmandos na gestão de Haroldo Reimer.
Para esse afastamento temporário uma carta chegou a ser preparada por diretores de campi do interior, alguns bem próximos do reitor. O principal ponto de convergência é a ligação de todos eles com as forças políticas do PSDB que foram derrotadas nas eleições de 2018. A exemplo de Marcília Romano, diretora do campus de Morrinhos, que pedia votos abertamente para Giuseppe Vechi e Carla Conti, de Inhumas, que é ligada ao ex-deputado federal Roberto Balestra, igualmente derrotado. Alguns deles interessados mesmo em encobrir mutretas incontáveis em suas próprias administrações.
Pronatec
A manobra foi descoberta e denunciada e o grupo começou a abandonar Haroldo Reimmer na chapada, não vendo chance para sua sobrevivência. As denúncias – principalmente do recebimento indevido das verbas do Pronatec – serão seriamente apuradas pelo MP e deverão render devolução de numerário, ações de improbidade e punições mais severas para os envolvidos.
A exemplo da ex-chefe de gabinete do reitor Haroldo Reimmer, Juliana Almada. Ela mesma se deu uma sinecura de R$ 7.000,00, arrumou outra no mesmo valor para o marido Antônio Sérgio Fidélis de Souza e para a cunhada, Serjana Fidélis de Souza. Só para o grupo próximo ao reitor a gastança em 2018 foi de mais de R$ 465 mil, mas a gastança do dinheiro do Pronatec em 2018 foi a bagatela de R$ 4,8 milhões.
Alguns professores e diretores que tentavam dar sobrevida ao reitor foram ouvidos pela reportagem. Uma diretora confidenciou – com o compromisso de não ser identificada – que pediu o afastamento para o reitor, mas teve receio de falar abertamente para que ele renuncie. “Sabemos que não há clima, que ele não unifica mais a UEG e que são muito graves as denúncias que precisam ser apuradas e quem dever precisa pagar”, expõe essa diretora com receio de represálias do reitor e de sua catrevagem aliada. Aliás, se referem a ele como “feitor”, em contraposição a “reitor”. Altíssimo já deixou de ser um epíteto para Haroldo Reimer. Juliana Almada, também acoimada de “desalmada” sumiu do mapa e prepara o samba para se explicar para o Ministério Público.
O governo não vai decretar intervenção para não assumir o ônus de chutar um moribundo. A estratégia é deixá-lo sangrando, exposto ao sol e lambuzar sua biografia de mestre com toda a sujeira produzida nesses anos de sua “magnífica” gestão. A reitoria da UEG parece uma maldição: os antecessores de Haroldo Reimer foram afastados, processados e condenados pelas peraltices que fizeram com dinheiro público.
CGE
A Controladoria Geral do Estado enviou para Haroldo Reimer um minucioso relatório expondo o que pesa contra sua gestão e as medidas já tomadas. De locação de veículos que nunca circularam pra cima, existiu. Passando por seguros pagos e nunca contratados e diárias pagas sem comprovação. Um primor de administração.