O reitor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Haroldo Reimer, armou com diretores dos campi espalhados pelo estado para fazer de conta que a reunião do Conselho Superior Universitário (CsU) a ser realizada na próxima quarta-feira, 27, delibere sobre alguma coisa séria e tudo continue como está para não lhe causar nenhum incômodo.
Em reunião secreta acontecida na última semana no Campus Laranjeiras, em Goiânia, Reimer juntou diretores de unidades – os mais féis – e alguns assessores mais próximos para combinar o que será feito no conselho. A oposição ao reitor Haroldo Reimer e seu grupo cresce entre integrantes da comunidade universitária e seus atos já não são mais secretos como antes.
Mensagem que circula entre os grupos de WhatsApp e individualmenete conta como foi a reunião, quem esteve presente e critica duramente a postura do reitor, que não gosta de transparência nem de cuidados com a coisa pública.
“É uma prática dele reunir com os diretores dele e montar o que vai ser decidido no CsU. Isso é uma prática. Todo mundo sabe disse. Eu não sei se eles acham que até hoje estão fazendo isso escondido. E lá no CsU, então, vira aquele teatro. Então, reiterada a prática, ele se reuniu com a base aliada dos diretores no Campus de Laranjeiras. E o que é que ficou acertado? Que ele vai colocar em pauta a renúncia dele, pra que haja uma votação, e na sequência os diretores da base aliada vão dizer que não, que não aceitam a renúncia dele. Isso foi o que ficou ajustado”, diz uma mensagem que circula na comunidade.
O reitor e demais diretores das unidades sempre afrontaram o estatuto da UEG e usaram-no de acordo com suas conveniências. Agora, para impedir uma devassa em suas administrações invocam o respeito à democracia interna da universidade, uma autonomia que nunca pretenderam e até o respeito à legislação vigente. Todos da UEG sabem que se Reimer e seus seguidores caírem uma auditoria poderá mostrar muita coisa errada que foi perpetrada durante todos esses anos passados. Por isso insistem tanto na permanência.
Arlete Botelho (Formosa), que foi pró-reitora durante a gestão de José Izecias (aquele que foi condenado por desvio de mais de R$ 10 milhões) juntou-se a Marcília Romano (Morrinhos) e Mamede Leão (Pires do Rio) para elaborarem um documento tentando salvar Haroldo Reimer da degola e de uma devassa do Ministério Público.
Haroldo Reimer garante que não renuncia porque por enquanto são apenas denúncias de irregularidades e investigações do Ministério Público, que ele vai se defender e que não precisa deixar o cargo. Seus asseclas defendem que ele permaneça no cargo e que o governo que arque com o ônus de uma intervenção e seja acusado de ferir a tão propalada autonomia universitária.
Contratos UEG e Pronatec
O reitor não conseguiu explicar ainda – ou não tinha nada plausível para explicar – como colocou seu sobrinho (Cassius Dunck Dalostro) com a sinecura da bolsa do Pronatec, ele próprio recebia uma bolada de R$ 7.500,00 mensais e sua ex-chefe de gabinete, Juliana Almada também abocanhava uma mesada de R$ 7.000,00 e repetia a catrevagem para seu marido e sua cunhada.
CsU
O circo será armado da seguinte forma: Haroldo Reimer faz mi-mi-mi e diz que está sendo perseguido e que nunca fez nada errado e nunca foi preso atoa. A “comunidade” o apóia e aceita seu afastamento a título de demonstração de boa fé e compromisso com a transparência. Para seu lugar o estatuto tem já os sucessores naturais. Aí é que está o pulo do gato, porque são todos asseclas de Reimer e compromissados com não deixar apurar nada. A primeira da lista é a pró-reitora de graduação Maria Olina Barreto. Na sequência viriam Ivano Alessandro De Villa – ainda mais comprometido com Reimer – e Marco Antônio Cunha Torres, também useiro do dinheiro do Pronatec para si e seus familiares.
A diretora do campus de Trindade, Carla Conti, ligou para diretores e outros representantes pedindo que assinem um documento apoiando Haroldo Reimer. Para alguns interlocutores ela confidenciou que foi sondada para assumir uma pró-reitoria.
Enquanto grande parte dos acadêmicos, professores e servidores técnico-administrativos sabem das irregularidades que pesam contra Haroldo Reimer e sua trupe e querem apuração severa. “Essa gestão não passa nem em meia auditoria séria. Ainda tem muito esqueleto nos armários. Se mexer então como contrato de locação de veículos e seu uso na campanha eleitoral vai sair gente presa”, garante um servidor.
Haroldo Reimer sempre cumpriu seu papel de vassalagem para com os governos tucanos e ignorava totalmente o conceito de autonomia universitária. Muito menos democracia. Em 2017 ignorou a deliberação do CsU que ratificava a escolha dos diretores dos campi de Jataí e Itumbiara – Silvio de Jesus Batista (Jataí) e Ednando Batista Vieira (Itumbiara) – e nomeou Davi Lopes Pereira para Itumbiara e Vanessa Souza Lobato para Jataí, aliados políticos dele e cujos mandatos já haviam expirado. O Processo nº 201700020011645, que trata dessas duas ilegais nomeações permanece trancado até hoje no SEI para que o CsU não tenha acesso a esse ato irregular.
O Ministério Público recomendou que ele faça a substituição de Vanessa Lobato, que sequer tem vínculo formal com a UEG.