O feriado do dia 7 de setembro é comemorado a Independência do Brasil, data em que acontece anualmente o desfile cívico em diversas cidades e marca principalmente a área política.
Neste ano, o atual presidente Lula (PT), realizou um discurso longo na véspera do desfile para falar da importância da data e os planos que ainda pretende realizar no país. Já o ex-presidente Bolsonaro em 2019 citou alguns períodos históricos e sobre a participação do brasileiros na data comemorativa.
Discurso para a Independência do Brasil
Na comemoração da Independência deste ano, lula durante pronunciamento alegou que elaborou a mensagem com dias de antecedência, e ao todo sua fala teve mais de sete minutos de duração.
O atual presidente optou por um pronunciamento direto, enfatizando sobre os resultados econômicos dos primeiros meses de gestão e sobre as metas de investimento para os próximos anos de governo. Veja trechos do discurso:
“Nosso país voltou a crescer com inclusão social, distribuindo renda e combatendo as desigualdades. Milhões de famílias estão negociando suas dívidas em condições favoráveis e vão ficar novamente com o nome limpo na praça. Lançamos o novo Marco Fiscal, com a ajuda do Congresso, para dar ao Brasil a oportunidade de voltar a crescer com responsabilidade. O futuro será verde. Os investimentos do novo PAC serão as alavancas que conciliarão o enfrentamento da crise climática, a reindustrialização do país, a transição energética e a redução das desigualdades sociais e regionais”, disse.
Por sua vez, Bolsonaro em seu discurso em 2019, adotou um pronunciamento de valorização do país e aproveitou para alfinetar os presidentes que governaram o país nos anos anteriores. Além disso, o ex-presidente também convocou a participação da população às ruas, principalmente no dia 7 setembro, fator que chamou atenção devido aos vários apoiadores que tomou conta da Esplanada no dia do desfile. Confira parte do discurso:
“A todos os brasileiros mós pedimos que se conscientize cada vez mais de quem é esse país, essa maravilha chamada Basil. A liberdade está em primeiro lugar, o Brasil é nosso, é verde e amarelo. Esse dia é uma data magna, uma data ímpar em nosso país. A data em que nós nos tornamos independentes. Agora, a independência de nada vale se não tivermos liberdade. Essa, por tantas e tantas vezes, ameaçada, por brasileiros que não tem outro propósito a não ser o poder pelo poder”, enfatizou.
Significado da data
O dia 7 de setembro é um dos principais acontecimentos históricos e um marco para o exercício da cidadania no país. Em 1822, Dom Pedro de Alcântara de Bragança, proferiu o grito “Independência ou morte”, às margens do Rio Ipiranga, fator que marcou o país desde então.
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A data também marcou o rompimento com Portugal e deu início à trajetória do país como nação independente, tornando-se o Brasil um império e nomeando Dom Pedro como Imperador. Após a independência, em 1889 aconteceu a Proclamação da República e atualmente o Brasil é uma democracia reconhecida internacionalmente.
O dia da Independência se tornou feriado nacional durante o governo de Eurico Gaspar Dutra. Data em que são programados desfiles com a participação das tropas das Forças Armadas, escolas, instituições e entidades civis.
Questionamentos sobre o dia da Independência
Em entrevista ao Portal Dia, a graduada e Mestra em História pela UFG e doutoranda em Estética e História da Arte pela USP, professora da rede particular em Goiânia e Anápolis, Sofia Corso, evidenciou sobre os pontos positivos e negativos desde o momento que foi proclamado a Independência.
Para ela, o simbólico grito do Ipiranga nada mais é que uma construção do imaginário nacional em torno da figura heroica de Dom Pedro e que na prática as coisas não acontecem dessa forma.
“Parte do processo deferiu da pressão das diversas revoltas que já vinham acontecendo desde o séc. XVIII. Revoltas essas duramente reprimidas pelo Estado autoritário construído pela metrópole. E o resultado foi um Estado, unificado, escravocrata, monárquico, sem nenhuma elaboração do que seria uma Nação. Uma monarquia cercada de Repúblicas, como diz Lilia Schwarcz. Um Estado sem Nação é um Estado sem identidade, essa, inclusive, que foi forjada mediante discursos e narrativas deturpadas do processo e que culminou em uma sociedade sem domínio de sua história”.
A historiadora aproveitou para relembrar da comemoração do bicentenário da Independência, comemorado no ano passado e que na ocasião o coração de Dom Pedro I esteve no país e passou pela capital federal. Segundo Sofia, elogiar esse símbolo é promover e reforçar ainda mais que o Brasil é um país fruto do projeto moderno de eugenia e atestar a diversidade cultural como ameaça e não algo inerente a nossa identidade”, pontuou.
A mestre em história ainda concluiu que a atitude que os brasileiros poderiam adotar, é de sempre aclamar o feriado e não adotar uma posição de ideologia militar e uma ordem arbitrária.
“A reflexão foi substituída pelo cansaço. Recuperar nossos símbolos, como a bandeira nacional, ou mesmo o hino, está sendo um trabalho árduo. É um misto de não reconhecimento e não pertencimento à Nação. Nossa identidade foi forjada por um discurso pretencioso e distorcido da realidade. Por isso, ela é frágil e contraditória. Se há uma boa reflexão a se fazer nesse dia, é sobre o que disse Oswald de Andrade no Manifesto Antropófago em 1928: A nossa independência ainda não foi proclamada”, enfatizou.