A Comissão Especial de Inquérito, que investiga supostas irregularidades na gestão da Companhia de Urbanização de Goiânia (CEI da Comurg), ouviu nea segunda-feira (27) os diretores administrativos financeiros do Instituto de Assistência à Saúde e Social dos Servidores Municipais (Imas), Ricardo Pinheiro Dourado, e da Comurg, Adriano Renato Gouveia.
O diretor do Imas relatou que o instituto chegou a ficar oito meses, do ano passado, sem receber as contribuições da Comurg, totalizando uma dívida de R$ 8,6 milhões. Ele conta que os repasses foram retomados apenas em setembro, enquanto os valores referentes aos meses de janeiro a agosto foram renegociados.
Sendo assim, o presidente da CEI, Ronilson Reis (PMB), questionou como a Comurg seria capaz de pagar o valor duplicado, já que não consegue quitar o pagamento mensal normalmente, uma vez que os valores referentes aos meses deste ano serão pagos juntamente com as parcelas da dívida.
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De acordo com o diretor do Imas, mesmo com os atrasos nos repasses, o instituto continuou garantindo serviços de saúde aos servidores e honrando os pagamentos aos prestadores de serviços.
O Portal Dia procurou a Comurg para comentar o caso. Em nota, a companhia disse que a empresa acumulou uma dívida com o Imas desde outubro de 2021. Contudo, em outubro de 2022 foi firmado um acordo em que a Comurg fará o repasse de R$ 2 milhões por mês, a partir do dia 31 deste mês, para quitar o débito.
O acordo prevê o pagamento de 8 parcelas mensais de R$ 2 milhões, totalizando a quitação completa do débito da Comurg com o Imas.
Diretor da Comurg acusa gestões passadas pelo endividamento da companhia
Além de Ricardo, o diretor administrativo financeiro da Comurg, Adriano Renato Gouveia, também foi ouvido na CEI. Segundo ele, gestões passadas são responsáveis pelas dívidas da companhia, por não terem reajustado corretamente os valores de contratos com a Prefeitura de Goiânia.
No entanto, ao ser questionado sobre que condutas de gestões anteriores teriam levado a Comurg à situação que se encontra, ele afirmou desconhecer e que não seria gestor de compliance.
Vale destacar que a Comurg passa por um processo de compliance, com o objetivo de melhorar a transparência da empresa e analisar processos internos, além de fazer sugestões e gestão de risco sobre contratos.
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Pagamentos de jetons
Na ocasião, Ronilson ainda pediu esclarecimentos sobre as comissões que pagam jetons no valor de R$ 5,2 mil para cada integrante, muitos dos quais não comparecem às reuniões. Adriano confirmou fazer parte de duas comissões, mas não soube informar o valor total recebido.
Além disso, o vice-presidente da CEI, Welton Lemos (Podemos) também questionou a relação da empresa DX Tech com a Rede Sol, vencedora de uma concorrência para o fornecimento de combustíveis à Comurg no valor de R$ 170 milhões e a indicação de Fabrício Sotto da Silva, amigo de Adriano, para ser administrador do contrato com a Rede Sol.
De acordo com Adriano, Fabrício Sotto da Silva passou por um processo seletivo para trabalhar na Comurg. Entretanto, o vereador Welton Lemos indagou a decisão de colocar Fabrício para gerir um contrato de R$ 170 milhões logo após sua chegada à empresa.
“O Fabrício mal chegou e já entregaram para ele gerir um contrato de R$ 170 milhões, talvez um dos mais importantes da empresa?”, questionou Welton.
Nesta terça-feira (28), os membros da CEI ouvem o gerente de obras da Comurg, Nilson César Pinto.