Uma das avenidas mais importantes e movimentadas da capital goiana está cada vez mais perto de mudar seu nome. A Câmara Municipal de Goiânia aprovou nesta terça-feira (21/12) o projeto que muda o nome da Avenida Castelo Branco para Avenida Íris Rezende Machado.
A iniciativa é dos vereadores Clécio Alves (MDB) e Marlon Teixeira (Cidadania), como uma forma de homenagear o ex-prefeito da cidade que faleceu em novembro deste ano de 2021.
“Na Alemanha não tem rua homenageando Hitler; no Iraque também não tem rua homenageando Saddam Hussein, mas aqui, em Goiânia, tem avenida homenageando o Golpe Militar. Está errado, não podemos normalizar absurdos como racismo, preconceito ou homenagens ao Golpe Militar”, ressaltou o vereador Marlon Teixeira, um dos autores da proposta. “Goiânia tem que evoluir e consertar erros do passado, tanto de gestão pública, quanto de homenagens. Devemos refletir sobre nossa história”, completou.
O objetivo inicial da proposta era a alteração da nomenclatura da Avenida Anhanguera para ‘Avenida Anhanguera Iris Rezende Machado’. O projeto foi aprovado e assinado pela maioria dos vereadores, incluindo Romário Policarpo (Patriota), atual presidente da Câmara Municipal de Goiânia.
O objetivo por trás da mudança proposta por Clécio Alves e Marlon, é que o projeto seja reconhecido como sendo uma homenagem de todo o Legislativo goianiense ao ex-prefeito e ex-presidente da Câmara de Goiânia, Iris Rezende Machado.
Trajetória de Íris
O ex-senador e ex-governador de Goiás Iris Rezende morreu na madrugada do dia 9 de novembro, em São Paulo, aos 87 anos, após mais de três meses internado por causa de um acidente vascular cerebral (AVC).
Iris Rezende Machado nasceu em Cristianópolis, em 22 de dezembro de 1933. Formado em Direito, começou a carreira política elegendo-se vereador em Goiânia pelo PTB, e presidiu a Câmara Municipal no seu primeiro mandato. Em seguida, foi eleito deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa e chegou a prefeito da capital em 1966, cargo que ocupou até ser cassado pela ditadura militar. Ingressou no MDB durante o regime militar.
Com o início da abertura política, foi eleito governador do Estado em 1982, mas entregou o mandato antes do fim para assumir o Ministério da Agricultura no governo de José Sarney. Chegou a disputar as prévias internas do MDB para a candidatura à presidência em 1989, perdendo a disputa para Ulysses Guimarães. Foi novamente eleito governador em 1990 e seguiu para o Senado quatro anos depois.
No Senado, Iris Rezende foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) entre 1995 e 1996, período no qual passaram pelo colegiado as reformas constitucionais para quebras de monopólios estatais sobre setores como as telecomunicações e o petróleo.
Em 1997, lançou-se candidato à presidência do Senado e recebeu 28 votos, contra 52 do eleito, Antônio Carlos Magalhães (BA). No mesmo ano, presidiu brevemente a Comissão de Infraestrutura, antes de ser nomeado ministro da Justiça, cargo que ocupou por um ano.
Iris disputou o Governo de Goiás mais três vezes — em 1998, 2010 e 2014 —, sem sucesso, e não obteve a reeleição ao Senado, disputada em 2002. Porém, venceu três eleições para a Prefeitura de Goiânia, em 2004, 2008 e 2016, tornando-se o mais longevo governante da capital goiana.
Em 2020, abriu mão da reeleição e anunciou sua aposentadoria da política.