Mais de duas horas depois do fim da cerimônia que marcou sua despedida como comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas ainda recebia os cumprimentos de convidados no salão do Clube do Exército, em Brasília. “Houve um período de instabilidade que precisou da figura dele, mas o Exército caminha por si só”, disse o tenente Marcelo Villas Bôas, filho do general e lotado na Polícia do Exército.
O tenente, único dos filhos do agora ex-comandante do Exército a seguir a carreira militar, destacou a simplicidade do pai como sua principal marca ao longo dos quatro anos que passou no posto: “A forma de tratar os comandados é a mesma para qualquer um. A simplicidade é o diferencial”, afirmou.
O general de Divisão Mauro Sinott, atualmente comandante da 3.ª Divisão do Exército em Santa Maria (RS), acrescentou que o general Villas Bôas sempre buscou proximidade com a tropa. “Ele é um camarada muito próximo da tropa. Nas operações, vai até a ponta da linha, conversa com soldados e sargentos”, disse o oficial, responsável pela estratégia da intervenção na segurança do Rio, em 2018, e pelo comando contraterrorismo na Olimpíada, dois anos antes.
O coquetel, com vinho, cerveja e salgadinhos, manteve os oficiais das três Forças Armadas por horas no salão do Clube do Exército. A passagem do comando ao general Edson Leal Pujol lotou o Clube do Exército com autoridades dos três Poderes e representantes de outros países, entre embaixadores e adidos militares.
Debilitado por uma doença degenerativa, Villas Bôas se esforçou para fazer uma saudação inicial em seu discurso, citando a turma de 1977 da Academia Militar das Agulhas Negras, e depois deixou o mestre de cerimônias concluir a leitura da ordem do dia. Ele se emocionou várias vezes, inclusive durante o abraço do presidente Jair Bolsonaro.
Para o general de Divisão Laelio Andrade, o trunfo de Villas Bôas foi não ter permitido a “partidarização” dos militares.