Com um discurso em que voltou a prometer o endurecimento no combate ao tráfico e ao crime organizado, e que foi mesclado com um pedido de “paciência” ao Ministério Público e ao Judiciário, o novo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), recebeu a faixa governamental de Francisco Dornelles (PP) nesta quarta-feira, 2, no Palácio Guanabara.
“Será preciso certa compreensão, principalmente do Tribunal de Contas do Estado (TCE)…”, discursou Witzel. “Muitas são as ações que hoje questionam os limites constitucionais, mas é preciso entender que há de se ter possibilidade material”, continuou. Depois, dirigindo-se a representantes do MP e do Judiciário, o governador pediu que eles tivessem “um pouco mais de paciência”.
Mais tarde, Witzel explicou em coletiva de imprensa. “Você só pode dizer que não foram cumpridos os mínimos constitucionais no final do ano. Existem algumas ideias, teorias, de que você tem de cumprir mês a mês. Isso acaba atrapalhando o planejamento financeiro”, comentou, dando a entender que algumas áreas consideradas essenciais deverão seguir com dificuldades pelo menos nos próximos meses. “O governador presta contas no final do ano. O orçamento é deficitário e há impossibilidade material de cumprir o mínimo constitucional.”
O novo governador do Rio voltou a afirmar que o combate ao tráfico e ao crime organizado será mais duro. “Conosco, se formos fazer uma operação, quem estiver lá, se não se entregar, será abatido, ou vai ser preso”, disse. “No meu ponto de vista não existe a necessidade de mudar a lei. Quem sai com fuzil na rua é ameaça, e como ameaça vai ser tratado.”
Dornelles
No comando do Executivo estadual desde o início do mês passado, quando Luiz Fernando Pezão (MDB) foi preso, o ex-vice-governador Francisco Dornelles fez um discurso de despedida em que criticou as ações judiciais do governo federal contra o Estado do Rio.
“O Rio de Janeiro sofreu, nos últimos anos, com uma crise sem precedentes. A diminuição dos investimentos da Petrobras, o recuo do preço do petróleo, e a recessão econômica, com o Produto Interno Bruto negativo, provocaram uma queda de arrecadação com enormes consequências na administração. O Estado viveu momentos de agonia tendo suas receitas sequestradas com frequência pela União credora, que não compreendia que as dificuldades do Estado do Rio eram sobretudo consequência de uma administração irresponsável”, disse Dornelles. “Davam mais importância aos números do que à vida das pessoas”.
Depois, ele fez uma menção – com fundo elogioso – a Pezão. “O governador Pezão, com enorme paciência, e persistência, e com a intervenção do presidente Temer, e do presidente Rodrigo Maia, conseguiu com grande esforço assinar o Regime de Recuperação Fiscal”.