O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi sorteado relator da apuração preliminar sobre as acusações de caixa 2 feitas por delatores da J&F contra o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS). A distribuição do processo foi feita livremente entre os integrantes do STF, por determinação do presidente da Corte, ministro Dias Toffoli.
A petição autônoma é uma fase anterior à instauração do inquérito, quando o parlamentar passa a ser formalmente investigado. Nela, já é possível pedir medidas de investigação.
No caso de Onyx, a Procuradoria-Geral da República (PGR) analisa as acusações de caixa 2 feitas por delatores envolvendo dois anos distintos. Entre maio e agosto de 2017, delatores do grupo J&F entregaram à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal anexos (relatos escritos) e documentos acusando o atual ministro de transição de governo e futuro chefe da Casa Civil de ter recebido caixa 2 em dois momentos, nos valores de R$ 100 mil em 2012 e de R$ 200 mil em 2014.
Assim que a delação veio à público, Onyx Lorenzoni admitiu à Rádio Bandeirantes de Porto Alegre ter recebido R$ 100 mil em 2014, do empresário Antonio Jorge Camardeli, presidente da ABIEC (Associação Brasileira de Exportadores de Carne Bovina). É o mesmo nome que a J&F informou ter sido o responsável pelo pagamento. A diferença é o valor. A delação fala em R$ 200 mil.
Mesmo passado um ano e meio, o parlamentar ainda não responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal, porque a PGR ainda não fez tal pedido. Mas, com a abertura desses novos procedimentos, a PGR poderá pedir medidas específicas de investigação, mesmo sem haver a instauração formal do inquérito.
No dia 4 deste mês, Onyx chamou de “bênção” a apuração sobre as denúncias de pagamentos de caixa dois da J&F a ele. “Para mim é uma bênção porque vai permitir que tudo se esclareça”, disse ele na ocasião.