A Suíça transferiu ao Brasil os detalhes sobre as contas do empresário e ex-deputado federal Ronaldo Cezar Coelho, como parte das investigações relativas ao financiamento de campanha presidencial do PSDB em 2010. O empresário, que está afastado da vida pública, foi presidente do PSDB fluminense na década de 1990.
O jornal O Estado de S. Paulo revelou que Justiça suíça citou pela primeira vez em um documento oficial suspeitas sobre o financiamento de uma campanha presidencial tucana ao mencionar o pedido de cooperação judicial entre o Brasil e o país europeu.
O Ministério Público da Suíça informou agora que os detalhes sobre a investigação se referiam ao empresário que, ao longo de meses, tentou evitar que seus extratos fossem enviados ao Brasil. “O Escritório do Procurador-Geral confirma que, neste contexto, o Escritório Federal de Justiça delegou o pedido de assistência legal do Brasil em julho de 2017 para execução”, diz o comunicado. “Uma decisão determinou a transferência da documentação solicitada pelas autoridades brasileiras em junho de 2018.”
Em abril, em depoimento à Polícia Federal, Cezar Coelho afirmou que recebeu do PSDB 6,5 milhões de euros em uma conta na Suíça em 2009 e 2010. Segundo ele, o dinheiro era pagamento do partido pelo uso de um avião do empresário em atividades ligadas à campanha presidencial do PSDB em 2010, que teve como candidato o atual senador José Serra (PSDB-SP).
Em janeiro do ano passado, Cezar Coelho já havia admitido o recebimento do dinheiro na Suíça.
O ex-deputado foi interrogado em 7 de fevereiro no inquérito que apura se recursos do Rodoanel Trecho Sul, em São Paulo, teriam abastecido a campanha de Serra ao Planalto. A investigação, que está no Supremo Tribunal Federal, se baseia na delação da Odebrecht, mas ex-executivos da Andrade Gutierrez e da OAS também admitiram repasses de 0,75% a intermediários supostamente em benefício do tucano.
O senador José Serra e O PSDB não responderam aos contatos da reportagem até a conclusão desta edição.
Pedido
O Ministério Público Federal brasileiro apresentou um pedido de assistência judicial à Suíça por lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva. O pedido de cooperação solicitava, em 2017, que os suíços bloqueassem ativos em contas identificadas e que chegariam a R$ 43,2 milhões. De acordo com o Tribunal, isso seria “equivalente a mais de 10 milhões de francos suíços, valor total pago em uma base de corrupção entre 2006 e 2012”.
Segundo a defesa de Cezar Coelho, os depósitos se referem a pagamentos para cobrir gastos com aviões que ele emprestou para a campanha do PSDB. O dinheiro na Suíça, segundo o advogado, seria um “reembolso” pelo PSDB do que foi gasto com os jatos emprestados pelo empresário para as viagens de campanha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.