Acusado de participar do esquema de propinas liderado pelo ex-governador Sérgio Cabral (MDB), o ex-procurador-geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Claudio Lopes foi preso na tarde desta quinta-feira, 8, em sua casa, no Recreio dos Bandeirantes (zona oeste do Rio). A informação foi confirmada pelo Ministério Público do Estado do Rio.
Como procurador-geral, Lopes chefiou a instituição entre 2009 e 2012. Em outubro, foi denunciado pelo próprio órgão por formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva e quebra de sigilo funcional. No mesmo processo, que tramita em segredo de Justiça, também foram denunciados o ex-governador Cabral, o ex-secretário estadual de governo Wilson Carlos e Sérgio de Castro Oliveira, suposto operador financeiro de Cabral. Na denúncia, porém, o único que teve a prisão pedida pelo Ministério Público foi Lopes. A Justiça autorizou a medida, cumprida nesta quinta-feira.
O ex-procurador-geral é acusado pelo ex-secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, e pelo ex-subsecretário executivo da mesma pasta, Cesar Romero, de ter vazado para ambos a realização de uma operação de busca e apreensão que seria realizada na casa de Romero, a pedido do Ministério Público, em novembro de 2010.
A busca foi feita, mas não foram encontrados documentos comprometedores porque no dia anterior Romero destruiu o material que poderia incriminá-lo, usando até um triturador de papel, segundo contou à Justiça.
Segundo um ex-operador de Sérgio Cabral, Carlos Miranda, Lopes também recebeu mesada a mando de Cabral, enquanto este governava o Estado do Rio e Lopes chefiava o Ministério Público. Para não fiscalizar adequadamente o governo, o então procurador-geral teria recebido R$ 150 mil por mês ao longo de toda sua gestão. Nesse período, a investigação de denúncias graves deixou de avançar e acabou interrompida.
Lopes ingressou no Ministério Público do Estado do Rio em 1987. Passou pelas comarcas de Campos dos Goytacazes e São João da Barra, e em janeiro de 1995 assumiu a Promotoria de Justiça junto à 36ª Vara Criminal do Rio, onde permaneceu até julho de 2001. Em seguida foi promovido a procurador de Justiça.
No final de 2008 venceu a eleição para procurador-geral de Justiça no biênio 2009-2011, tendo obtido 321 votos, apenas quatro a mais que o segundo colocado, Eduardo Gussem. Disputou novamente a eleição para o biênio seguinte e foi reconduzido ao cargo com 483 dos 850 votos possíveis. Vencer a eleição não é garantia de ocupar o cargo, já que a nomeação cabe ao governador do Estado, que pode escolher qualquer nome entre os três primeiros colocados na eleição. Então governador, nas duas ocasiões Cabral respeitou a tradição e nomeou o mais votado.
A reportagem procurou representantes de Lopes para que se manifestem sobre sua prisão, mas não conseguiu localizar ninguém até as 22h15 desta quinta-feira.