Depois de se reunir com vários ministros, no Palácio da Alvorada, na manhã desta quinta-feira, para discutir o que classificou como “frágil” relatório da Polícia Federal sobre o inquérito dos portos, que pede o seu indiciamento e o de sua filha, Maristela Toledo, o presidente Michel Temer embarcou para São Paulo, sem responder pessoalmente às acusações.
O presidente resolveu que não é o momento de reagir ao relatório que reitera ser “sem qualquer prova que justifique o indiciamento”, em decisão tomada na reunião realizada nesta manhã. É preciso primeiro, esperar a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) porque, qualquer declaração agora poderia parecer pressão sobre Raquel Dodge e todos, depois de analisarem os autos, consideram que ele é “absolutamente inconsistente” e “não tem elementos para ir adiante”.
Temer havia pensado em dar declarações, se defendendo, nesta quinta-feira, depois de analisar o processo. Mas, após a reunião com os ministros da Secretaria de Governo, Carlos Marun, da Justiça, Torquarto Jardim, das Minas e Energia, Moreira Franco e seu advogado Brian Alves Prado, o marqueteiro Elsinho Mouro e seu assessor Márcio de Freitas, o presidente desistiu de dar qualquer declaração e só deverá se manifestar após a procuradora Raquel Dodge decidir, em 15 dias, o que fará com o processo.
A avaliação é de que é necessário aguardar, justamente porque ele acredita que o conteúdo do inquérito da PF “não tem nenhuma prova verdadeira, mas uma série de ilações”, como tem repetido. Com base nisso, Temer não crê que a PGR vá apresentar denúncia contra ele porque não faz sentido pela “falta de provas”. Além disso, faltam pouco mais de 60 dias para o fim de seu governo e não haveria tempo hábil para a apresentação desta denúncia no Congresso.
Ao embarcar para São Paulo, o presidente quer voltar a se reunir com o seu amigo e também advogado, Antônio Mariz, que o auxiliou em casos anteriores, para discutir estratégias de defesa. Temer quer também encontrar com sua filha, que ficou muito abalada com o ocorrido.
Nesta semana, a PF entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o relatório final do inquérito dos portos, que indicia Temer e mais dez pessoas por integrarem um suposto esquema que atuou para beneficiar empresas do setor portuário, envolvendo a edição de um decreto, em troca de favorecimentos. Os advogados do presidente consideraram que a Polícia Federal “usurpou” a competência do Supremo ao indiciar Temer, sem autorização do tribunal.