No Rio Grande do Sul, que nunca reelegeu um governador, o atual mandatário, José Ivo Sartori (MDB), saiu à frente na disputa pelo cargo nas eleições 2018, mas acabou ultrapassado nas pesquisas pelo ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB) – que, se conseguir se eleger, será o governador mais jovem do Estado desde a redemocratização.
Com 33 anos, o tucano saiu da condição de nanico para favorito nas eleições em menos de dois meses e, por isso, passou a ser o principal alvo de ataques dos adversários na campanha.
Entre a primeira pesquisa Ibope, divulgada em 17 de agosto, até a última, ontem, Leite subiu 26 pontos – foi de 8% a 34%, entre os votos totais. Enquanto isso, Sartori registrou 28%, oscilando para baixo na margem de erro. Entre os votos válidos, Leite vai a 38% e Sartori, a 32%. Num segundo turno, o tucano teria 50% ante 34% do emedebista.
“Sou Eduardo Leite, fui prefeito de Pelotas.” Esse foi o mantra do tucano no início da campanha. “Ele não era um candidato conhecido, não tinha trajetória estadual. Ele tinha que dizer ‘quem sou e quais são minhas ideias'”, afirmou Valdir Bonatto, um dos coordenadores da campanha de Leite. Para isso, o ex-prefeito buscou firmar alianças com outras siglas e conseguiu o segundo maior tempo de TV entre os candidatos – 2 minutos e 45 segundos. A coligação do tucano é composta por PSDB, PTB, PP, PRB, PHS, PPS e Rede.
“O crescimento vertiginoso começa quando a população passa a conhecer pela TV Eduardo Leite. O desenho de apresentação dele como candidato foi muito bem elaborado”, afirma Carlos Gadea, coordenador da pós-graduação em Ciências Sociais da Unisinos. Segundo o professor, a forma direta de Leite se comunicar conseguiu atingir principalmente o eleitorado mais jovem e aquele que não tem participação política ou partidária.
Na TV, o tucano explorou o fato de ser o mais jovem entre os candidatos ao governo e apostou no discurso da “renovação com experiência”. “Leite fortalece seu argumento do novo, não por conta do partido, mas pela ideia de que ele representa uma nova geração”, diz Teresa Marques, cientista política da Escola de Humanidades da PUC-RS.
A campanha de Sartori acredita que com apenas dois candidatos na disputa a tendência é reduzir a rejeição. “Vai ser menos difícil mostrar as características e as virtudes do nosso candidato. Não vamos mudar essencialmente a campanha”, afirma José Vieira da Cunha, um dos coordenadores da campanha de Sartori. “A novidade dessa eleição é a reeleição do governador.”
Leite e Sartori também se beneficiaram pelo sentimento antipetista do eleitorado. Com discursos pelo enxugamento da máquina pública, privatizações e redução de despesas para sair da crise fiscal, o tucano e o emedebista concentram 59% das intenções de voto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.