Ser candidato à Presidência da República nas eleições deste ano não era o projeto original do engenheiro João Amoêdo, quando ele deflagrou o processo de criação do partido Novo, em 2011. Aos primeiros amigos e aliados que abraçaram a proposta – a maioria egressa do mercado financeiro, assim como ele -, Amoêdo dizia que a meta era chegar ao poder em 2030. A ideia era formar uma bancada de deputados e ganhar musculatura antes de dar o salto mais alto.
Mas a Operação Lava Jato, o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, a gravação de Aécio Neves pedindo dinheiro ao empresário Joesley Batista, dono da JBS, e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (condenado em segunda instância na Lava Jato) precipitaram o calendário. Pragmático, Amoêdo passou a buscar um nome competitivo e que não tivesse conexão com o universo da política. Foi, então, que adotou um mantra que repete até hoje: “A mudança que a gente precisa não virá dos partidos que a gente tem”.
A primeira abordagem foi a um amigo que tem uma casa ao lado da sua em Angra dos Reis, no litoral fluminense: o apresentador e empresário Luciano Huck. A ideia é que um outsider da política representaria a novidade que o eleitor espera, diante da crise de confiança que recai sobre os partidos tradicionais. A conversa, porém, não prosperou.
O segundo nome a ser sondado foi o do ex-técnico da seleção brasileira de vôlei, Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho. Pressões familiares e de patrocinadores falaram mais alto, e ele também desistiu da empreitada. Foi, então, que Amoêdo decidiu entrar na disputa. Apresentou-se com uma plataforma radicalmente liberal embalada por uma estrutura partidária inovadora.
O Novo adotou um processo seletivo para escolher seus candidatos e submeteu os interessados a aulas e entrevistas. Com apenas 5 segundos em cada bloco do horário eleitoral dos presidenciáveis na TV, investiu pesado nas redes sociais. Ao todo, sua campanha gastou R$ 5 milhões, quase tudo arrecadado por meio de uma vaquinha virtual. Amoêdo se orgulha de não ter recorrido a sua fortuna pessoal, de R$ 425 milhões.
O candidato do Novo chegou aos 3% nas pesquisas de intenção de voto e deu a impressão de que poderia criar uma “onda laranja”, mas não avançou além desse patamar. Chegar ao segundo turno seria superar a meta. A projeção do Novo é eleger 8 deputados federais. Em Minas Gerais, Romeu Zema, candidato da sigla ao governo, chegou aos 15% das intenções de voto, e disputa uma vaga no segundo turno. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.