A Operação Lava Jato já tem os registros oficiais das “visitas” que Branislav Kontic, o ex-braço direito do ex-ministro Antonio Palocci, fez à Odebrecht, em 2014. “Brani” – como é conhecido – é apontado como o homem que sacava propina em espécie na sede da empreiteira, em São Paulo.
São seis registros de entrada e saída de Brani na empresa no mesmo ano em que a Lava Jato foi deflagrada. Só os dois primeiros, em 8 de janeiro, são anteriores à deflagração das investigações, em 17 de março.
No dia 8, Branislav entrou com um crachá de “visitante” às 11h50 e saiu às 12h08. No mesmo dia, ele entrou às 14h50 e saiu às 15h08, desta vez com um crachá de “parceiro”. As outras “visitas” são nos dias 24 de abril, 12 de maio e 27 de agosto.
Nesta última data, ele também tem dois registros de entrada e saída: a primeira com crachá de visitante” às 11h20 e saída às 12h02 e depois como “parceiro” às 14h21 e saída às 15h02.
Os documentos foram solicitados à Odebrecht pela Polícia Federal, que fechou acordo de delação premiada com Palocci em junho.
A empreiteira fechou um acordo de leniência – espécie de delação de empresas – e o maior acordo de colaboração da Lava Jato, com 78 executivos envolvidos, em 2017, e ajudou os investigadores. O documento serve para comprovar as acusações de Palocci em sua colaboração.
O ex-ministro confessou ser o “Italiano”, responsável por gerenciar a “conta-corrente” de propinas da Odebrecht com o PT, que chegou a ter R$ 200 milhões em créditos.
As investigações fazem parte de inquérito que apura pagamento de propinas nos contratos da Petrobrás de construção e afretamento de navios-sondas para exploração de petróleo do pré-sal com a empresa Sete Brasil – criada no último ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Os registros de valores supostamente sacados por “Brani” estão na planilha “Posição programa especial italiano”, contabilidade paralela da Odebrecht sobre os valores pagos ao PT, como “Programa B”. Na planilha estão pagamentos ao “Amigo”, que seria Lula – segundo delatou Marcelo Odebrecht.
Marcelo Odebrecht disse em juízo que R$ 13 milhões foram pagos em espécie, parte deles para Branislav.
O empresário também confirmou que “Prédio (IL)” da planilha é uma referência à compra de um terreno para sediar o Instituto Lula, no valor de R$ 12, 4 milhões – caso alvo de uma ação penal em que Lula é réu e está em fase final. A obra nunca saiu do papel. A defesa do ex-presidente nega irregularidades.
Preso em 2016 junto com Palocci, Branislav foi absolvido pelo juiz Sérgio Moro em um primeiro processo em que virou réu. No processo contra Lula da propina da Odebrecht para o terreno do Instituto ele também é réu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.