Ex-secretário municipal de Obras durante a gestão de Eduardo Paes na prefeitura do Rio (2009-2016), Alexandre Pinto acusou o ex-prefeito e atual candidato a governador pelo DEM de receber propina da construtora Odebrecht para escolher a empresa como responsável pela construção do BRT Transoeste, via expressa inaugurada em 2012 na capital fluminense.
Ele prestou depoimento nesta quinta-feira, 4, ao juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, em processo decorrente da Operação Mãos à Obra, desdobramento da Lava Jato. Paes, que lidera a disputa pelo governo estadual, negou a denúncia e chamou o ex-secretário de “ladrão confesso”.
Segundo Alexandre Pinto, a propina foi negociada no gabinete do prefeito. “Ele (Paes) foi muito claro em dizer que a Transoeste seria da Odebrecht. (A negociação) Foi fechada na sala dele, antes do edital, com o senhor (Benedito) Junior e Leandro Azevedo (dois executivos da Odebrecht à época), e eu presente”, afirmou. Pinto disse ter ouvido de Azevedo que Paes receberia 1,75% do valor da obra, pela qual foram pagos R$ 600 milhões. Isso corresponde a R$ 10,5 milhões.
Pinto afirmou ainda que o Tribunal de Contas do Município (TCM) também recebeu propina, de 1% sobre o valor da obra, para não fiscalizá-la de forma adequada. Segundo o ex-secretário, propinas foram negociadas também em outros contratos da secretaria de Obras e de outras pastas.
Alexandre Pinto foi secretário de Obras de Paes de 2010 a 2016. Réu confesso em processos que investigam corrupção em obras da prefeitura nesse período, ele cumpre prisão domiciliar desde 26 de julho.
Em nota, Paes negou as acusações. “São totalmente mentirosas e confrontam seus próprios depoimentos anteriores, quando nunca mencionou envolvimento meu com quaisquer irregularidades. Os próprios dirigentes da Odebrecht, que depuseram na Lava Jato, sempre negaram que eu tivesse recebido propina ou vantagem pessoal. O mesmo fizeram os dirigentes de todas as outras empreiteiras investigadas na Lava Jato”, afirmou o ex-prefeito.
“No afã de conseguir benefícios penais, agora diz que ‘ouviu falar’ sobre esta mentira de um dirigente da Odebrecht, às vésperas das eleições. É no mínimo curioso, para não dizer suspeito, que a declaração tenha ocorrido a três dias do primeiro turno, sem nenhuma prova.”
O TCM emitiu nota em que também nega as acusações e afirma que “sempre manteve com prefeitos apenas relações de interesse institucional”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.