A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu enfaticamente nesta segunda, 1, à delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, que atribui ao ex-presidente envolvimento no amplo esquema de loteamento de cargos estratégicos na Petrobras acatando interesses de partidos políticos e distribuição de propinas. Segundo o criminalista Cristiano Zanin Martins, defensor de Lula, Palocci não apresentou nenhuma prova contra o ex-presidente, “para obter generosos benefícios”.
A delação de Palocci foi tornada pública parcialmente pelo juiz Sérgio Moro nos autos de uma ação penal em que Lula é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro supostamente recebido a título de propinas no montante de R$ 12,5 milhões, na forma de compra de um apartamento em São Bernardo do Campo e de um terreno supostamente destinado ao Instituto Lula.
O Termo de Colaboração 1 de Palocci é o que Moro tornou público. O magistrado não viu “riscos” para as investigações.
“A conduta adotada hoje pelo juiz Sérgio Moro na Ação Penal nº 5063130-17.2016.4.04.7000 apenas reforça o caráter político dos processos e da condenação injusta imposta ao ex-presidente Lula”, afirma Zanin.
Segundo o advogado, Moro juntou ao processo, “por iniciativa própria (‘de ofício’), depoimento prestado pelo sr. Antônio Palocci na condição de delator com o nítido objetivo de tentar causar efeitos políticos para Lula e seus aliados, até porque o próprio juiz reconhece que não poderá levar tal depoimento em consideração no julgamento da ação penal”.
Palocci fechou acordo de delação com a Polícia Federal. O ajuste foi homologado pelo desembargador Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, o Tribunal da Lava Jato. A Procuradoria da República não participou das negociações.
“Soma-se a isso o fato de que a delação foi recusada pelo Ministério Público. Além disso, a hipótese acusatória foi destruída pelas provas constituídas nos autos, inclusive por laudos periciais”, assinala Zanin.
Segundo o advogado de Lula, o delator almeja “generosos benefícios que vão da redução substancial de sua pena – 2/3 com a possibilidade de perdão judicial e da manutenção de parte substancial dos valores encontrados em suas contas bancárias”.
Gleisi
Nas redes sociais, petistas também dirigem críticas a Sérgio Moro por ter retirado o sigilo na última semana antes do primeiro turno da eleição em que Fernando Haddad (PT), candidato indicado por Lula, concorre. “Moro divulga para imprensa parte da delação de Palocci. Não podia deixar de participar do processo eleitoral! A ação política é da sua natureza como juiz. Vai tentar pela enésima vez destruir Lula. Tudo que consegue é a autodestruição”, escreveu no Twitter a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. COLABOROU DANIEL WETERMAN