Nesta segunda-feira (14/3) foi anunciado que o médico que acorrentou um homem negro pelos pés, mãos e pescoço foi indiciado. O caso aconteceu em uma fazenda na cidade de Goiás e, após acorrentar o caseiro, o acusado fez um vídeo, onde dizia que a vítima ficaria na senzala por não estudar.
Na época quando o crime aconteceu, 0 médico disse que tudo não passava de uma brincadeira, uma encenação, entre os dois envolvidos. Desde o início das investigações, o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) disse que não vai se manifestar sobre o caso. Por outro lado, o delegado responsável pelas investigações disse que a conduta do profissional da saúde foi de “racismo recreativo”, reafirmando que não é por que uma atitude foi tomada como brincadeira que ela deixa de ser um crime.
Ainda de acordo com o delegado, o médico indiciado deve responder pelos crimes em liberdade e que, se condenado, a pena pode ser estabelecida de dois a cinco anos de prisão.
Vídeo e repercussão do caso
A gravação feita pelo acusado mostra o funcionário, negro, acorrentado enquanto escuta a seguinte frase: “Falei para estudar, mas não quer. Então vai ficar na minha senzala”. O vídeo foi divulgado e teve tanta repercussão que a prefeitura municipal da cidade turística divulgou uma nota dizendo que o ato é de causar “repulsa”.
Após perceber a proporção do caso, o médico gravou um novo vídeo, ao lado do caseiro, informando que o vídeo anterior não passava de uma brincadeira, que não havia nada de escravidão e que muitas pessoas estavam “enchendo o saco” por conta da brincadeira. A Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos da cidade de Goiás e o Ministério Público estão acompanhando o caso.
Dentre as entidades que e manifestação sobre a atitude tomada pelo acusado, estão o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares e defensor dos direitos da população negra, que afirmou que o caso não pode ser encarado como uma brincadeira, pois não é algo que deve ser feito e nem mesmo apropriado. Ainda de acordo com o reitor, a justificativa do médico não serve para retirar a sua responsabilidade e culpabilidade civil, penal ou criminal.
Quando o caso repercutiu, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO) também se manifestou dizendo que “rechaça qualquer incitação ao racismo”.