O delegado da Polícia Civil de Goiás (PCGO) Alex Nicolau do Nascimento Vasconcellos foi afastado das funções após ser investigado por se apropriar de um carro apreendido durante uma operação policial, ocorrida em 2017. Ele teria dado o veículo para a namorada, mas depois de saber que seria investigado, teria ainda falsificado um termo de exibição e apreensão com data retroativa ao dia da operação e devolvido o carro ao pátio de apreensões.
De acordo com a decisão judicial, proferida pela juíza Placidina Pires, titular da Vara dos Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais, o veículo pertencia a um suspeito que morreu na ação.
Delegado da PCGO teria dado carro para namorada
No dia 5 de junho de 2017, agentes do Grupo Antirroubo a Banco, chefiados por Alex Nicolau, foram cumprir mandado de prisão em aberto contra César Almeida de Carvalho, acusado de um triplo latrocínio. Houve troca de tiros, que resultou na morte do criminoso. Na garagem da residência de César, local do confronto, havia um automóvel modelo I/Fiat 500, registrado no nome do morto, que foi apreendido.
Conforme a acusação do Ministério Público (MP-GO), o delegado não lavrou nenhum termo de apreensão de bens, nem instaurou qualquer procedimento a respeito do veículo, a fim de viabilizar a prática criminosa. O delegado passou, então, a utilizar o carro em seu benefício, tendo, inclusive cedido o uso de uma pessoa com nome de Robson Cleber Alves, que falsificou o documento do automóvel. Meses depois, Alex teria dado o carro de presente para sua namorada.
Policiais alertaram Gerência da PCGO sobre apropriação
Ainda de acordo com o MP-GO, policiais da unidade sabiam da situação e alertaram a Gerência da Inteligência da Polícia Civil. Quando as investigações contra o delegado foram iniciadas, ele “para se esquivar de responsabilidade penal e administrativa”, teria falsificado um termo de exibição e apreensão com data retroativa ao dia da operação, na qual assinou sozinho, como autoridade policial, exibidor e escrivão. Ele ainda teria deixado o carro no pátio de apreensões, para simular que o bem não havia sido retirado do local.
Na decisão, a magistrada destacou que “os fatos revestem-se de gravidade e danosidade social significativas, que tornam imprescindíveis a adoção de providências judiciais capazes de acautelar a ordem pública da possível reiteração delitiva e de afastar qualquer risco a regular instrução processual”.
Diante dos fatos, a juíza determinou o afastamento das funções do delegado, que deverá ser lotado em uma unidade administrativa, a critério da Polícia Civil, e ainda, que Robson Cleber Alves está proibido de se ausentar da comarca, assim como de mudar de endereço, sem prévia comunicação judicial, devendo comparecer a todos os atos processuais, assim que intimado, e não praticar novas infrações penais.
PCGO acatou decisão de afastou delegado das funções
Em nota, a Polícia Civil informou que “está dando cumprimento à decisão, e que os fatos são também objeto de apuração na esfera disciplinar pela Corregedoria da instituição, estando em fase final de instrução”.
Procurado, o delegado não quis se pronunciar sobre o caso.