O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rebateu nesta terça-feira, 14, as declarações do líder do governo na Casa, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), e reclamou da forma como o Parlamento tem sido tratado pelo Palácio do Planalto. “Você entra por uma porta e quando sai leva um coice”, disse ele ao falar com jornalistas.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Vitor Hugo disse “ver excesso de críticas de Maia ao Executivo”. Afirmou ainda que o governo pretende mudar de conduta na relação com o Congresso e se aproximar de líderes de partidos, contrariando discurso do presidente Jair Bolsonaro desde o início do mandato. A estratégia tem como objetivo esvaziar o poder de Maia e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que costuma fazer a interlocução entre governo e Legislativo.
“Não tenho nenhuma intenção de ser líder e comandar esse governo. Claro, os partidos têm toda liberdade e condição de dialogar com o governo. O problema é que você entra por uma porta e, quando sai, leva um coice. Essa tem sido a relação que o governo tem tido com os políticos do Congresso Nacional desde que assumiu o poder”, disse Maia.
“Não cabe ao presidente da Câmara organizar a base do governo, mas, com todo respeito, se não fosse o trabalho da presidência da Câmara com os líderes não teríamos aprovado muitas matérias, inclusive a reforma da Previdência”, disse Maia.
Em reunião com ministros na tarde desta terça no Palácio do Planalto, Bolsonaro convocou Vitor Hugo para que ele falasse sobre a tentativa de restabelecer uma nova relação com o Legislativo. O líder defendeu que a aproximação do presidente com os partidos políticos está tendo reflexos positivos no Congresso.
No encontro, Vitor Hugo ainda sugeriu que os ministros estejam mais abertos à ideias de deputados e que, se possível, convidem parlamentares em viagens às suas bases eleitorais.
Pela manhã, Bolsonaro recebeu Alcolumbre no Palácio da Alvorada. O convite para o café da manhã partiu do próprio presidente, que quer retomar uma relação com presidente do Senado, que na crise do coronavírus subiu o tom contra o presidente. A avaliação é que o senador, eleito com o apoio do governo, é mais aberto e cordial do que Maia.
Na semana passada, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, já havia feito um convite para um encontro com o presidente, mas Alcolumbre negou, alegando que não havia “clima político”. Ele mudou de ideia após ser convidado diretamente pelo chefe do Executivo, alegando, segundo interlocutores, que é um momento de “união” para atravessar as dificuldades da pandemia.