O governador Ronaldo Caiado (DEM) parece ter declarado guerra à Enel Goiás, empresa italiana responsável pelo fornecimento e distribuição de energia elétrica no estado, e ele não está sozinho nessa. Parlamentares que integram a Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Enel na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), inclusive da oposição a Caiado, partilham da mesma insatisfação com a empresa e alguns falam até em indiciamento dela.
O clima de insatisfação do governo com a distribuidora de energia ficou ainda mais tenso recentemente. No último sábado (16/11), Caiado publicou, em tom de indignação nas redes sociais, um vídeo onde fala de um caso ocorrido em Americano do Brasil, em Goiás, onde, devido à falta de energia, 46 mil aves morreram em aviários da região. Na legenda do vídeo, o governador chegou a afirmar que a empresa faz mal a Goiás.
“Olhe o que a irresponsabilidade da Enel causa em Goiás. 46 mil aves mortas por falta de energia em Americano do Brasil. Esse é um exemplo triste do quanto essa empresa faz mal a Goiás. É por isso que estamos dando um basta na Enel!”
Em entrevista, o chefe do Executivo goiano também disse que já se esgotaram as tratativas com a empresa. “Já esgotou todo e qualquer tipo de negociação do Estado com a Enel. Não tem mais como mantermos essa situação. Eles assinaram um documento conosco, com a presença do ministro [de Minas e Energia, Bento Albuquerque], e do presidente da Câmara, [Rodrigo Maia]. Todos os diretores de alto escalão da América Latina falando pela empresa e depois nada acontece. O processo agravou ainda mais do que era”, reclamou.
Críticas à Enel Goiás são partilhadas pela oposição de Caiado
Não é só a situação do governo que tem tornado pública a insatisfação com a Enel de Goiás. Mesmo deputados estaduais da oposição a Caiado têm tecido duras críticas ao serviço prestado pela empresa italiana, chegando a mencionar a possibilidade de indiciamento dela.
É o caso do deputado Henrique Arantes (MDB), que preside a CPI da Enel na Alego. O parlamentar tem ouvido especialistas para estudar medidas mais duras contra a empresa, e disse que “só com diálogo” não haverá avanço. “Temos de buscar criminalizar essa posição da empresa, ver até se cade pedido de prisão”, declarou.
O deputado já se reuniu com membros da Polícia Civil e sugeriu, inclusive, abertura de inquérito para investigar se a Enel Goiás comete crimes contra o consumidor.
Em março deste ano, a Enel Goiás foi considerada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a empresa do setor com pior desempenho do país pela segunda vez consecutiva, ficando com o 30º lugar no ranking. No ano passado, os consumidores ficaram, em média, 26,61 horas sem energia em Goiás.
A reportagem do Dia Online entrou em contato com a Enel Goiás e aguarda um retorno.