Os atrasos nos pagamentos da dívidas de Venezuela e Cuba impactaram o aumento da taxa de inadimplência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no terceiro trimestre de 2018, mas não tiveram grande impacto nos resultados do período, afirmou nesta quarta-feira, 14, o diretor de Estratégia e Transformação Digital da instituição de fomento, Ricardo Ramos.
Na noite de terça-feira, o jornal O Estado de S. Paulo e o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) revelaram que os atrasos nos pagamentos da dívida com o BNDES por parte de Venezuela, Cuba e Moçambique somam R$ 1,8 bilhão.
O balanço financeiro do BNDES no terceiro trimestre, divulgado na tarde desta quarta-feira, mostra que a taxa de inadimplência acima de 90 dias ficou em 2,94%, ante 1,45% no segundo trimestre. Já as provisões para risco de crédito tiveram resultado negativo de R$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre, quase a totalidade do R$ 1,681 bilhão negativo de todo o acumulado de janeiro a setembro.
O superintendente da Área de Integridade, Controladoria e Gestão de Riscos do BNDES, Carlos Frederico Rangel, disse que o índice de inadimplência aumentou na passagem do segundo para o terceiro trimestre “por conta da deterioração de ‘ratings’ (notas de risco de crédito) pontuais nesse exercício (o terceiro trimestre)”.
Ao ser questionado se os atrasos nas dívidas do financiamento às exportações de bens e serviços impactaram no aumento da taxa de inadimplência e nas provisões do terceiro trimestre, Ramos respondeu: “Impactaram, mas, de novo, o resultado do banco é pouco impactado”. Segundo o executivo, as provisões com os atrasos dos países foram compensadas com reversões de outras provisões, pois “créditos que estavam provisionados voltaram”.
Ramos se recusou a citar valores provisionados, mas frisou que os empréstimos para países têm garantia do Tesouro Nacional, por meio do Fundo de Garantia às Exportações (FGE) e reforçou a convicção de que, no futuro, as dívidas serão honradas.
“Esses países, de forma muito semelhante aos Estados da federação, não quebram. Países passam por ciclos econômicos”, afirmou o diretor do BNDES.