O Ministério Público de Goiás (MPGO) obteve a primeira condenação relacionada à Operação Penalidade Máxima, que investiga um esquema de manipulação de resultados em jogos de futebol.
A decisão foi publicada no último domingo (3), condenando três envolvidos por integrarem organização criminosa especializada em fraudar jogos para lucrar com apostas esportivas.
Segundo a sentença do juiz Alessandro Pereira Pacheco, da 2ª Vara Especializada em Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro, o trio atuava em diferentes frentes do grupo, que ia do financiamento e aliciamento de jogadores até o pagamento de atletas para garantir resultados combinados.
Entre eles está um ex-jogador, apontado como financiador, cooptador de jogadores e operador financeiro do esquema. Ele foi condenado a 19 anos de prisão e 130 dias-multa. Os outros dois foram condenados a 5 e 22 anos de prisão.
Além da prisão, os três deverão pagar, de forma solidária, R$ 2 milhões por danos morais coletivos. Eles poderão recorrer em liberdade, mas terão que cumprir medidas cautelares, como não manter contato com outros denunciados e não deixar o país.

De acordo com o MPGO, a condenação se baseou em provas como interceptações telefônicas, quebras de sigilos bancário e telemático, mensagens extraídas de celulares e relatórios financeiros. A Justiça destacou que o grupo tinha estrutura organizada, com núcleos de liderança, intermediação e execução, configurando crime previsto na Lei 12.850/2013, que trata de organizações criminosas.
Novas denúncias de manipulação de resultados em jogos de futebol
A Operação Penalidade Máxima, deflagrada em fevereiro de 2023 pelo MPGO, já está na quarta fase. Até agora, cinco denúncias criminais foram apresentadas contra 23 pessoas por participação no esquema. As acusações abrangem doze partidas realizadas entre 2022 e 2023, onze da Série A do Brasileirão 2022 e uma do Campeonato Gaúcho 2023, com crimes que vão de corrupção esportiva à lavagem de dinheiro.
As investigações apontaram que o esquema envolvia manipulação de cartões, pênaltis e até placares inteiros em jogos dos campeonatos estaduais e das séries A e B do Campeonato Brasileiro, entre 2022 e 2023. O objetivo era favorecer apostas feitas em plataformas on-line, prejudicando clubes, torcedores e apostadores de todo o país.
Jogos investigados
Pela Série A do Campeonato Brasileiro de 2022, as partidas citadas nas denúncias são:
- 26ª rodada: Avaí x Athlético-PR (11/09/2022);
- 32ª rodada: Avaí x Fluminense (16/10/2022) e Cuiabá x Ceará (16/10/2022);
- 34ª rodada: Cuiabá x Avaí (27/10/2022);
- 36ª rodada: Santos x Avaí (05/11/2022), Red Bull Bragantino x América-MG (05/11/2022), Goiás x Juventude (05/11/2022) e Palmeiras x Cuiabá (06/11/2022);
- 37ª rodada: Fluminense x Goiás (09/11/2022), Botafogo x Santos (10/11/2022) e Atlético-MG x Cuiabá (10/11/2022);
Pelo Campeonato Gaúcho de 2023: Esportivo Bento Gonçalves x Novo Hamburgo (11/02/2023).
