A Polícia Civil concluiu o caso da troca de bebês em um hospital de Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia, e apontou que não houve crime, por isso, pediu o arquivamento do caso.
Os meninos nasceram no mesmo dia, em outubro de 2021, com apenas 14 minutos de diferença. A troca só foi descoberta em outubro de 2024.
Troca de bebês em hospital
No relatório do inquérito policial, o delegado Miguel da Mota Leite Filho, detalhou que o hospital fez a identificação correta dos bebês. Entretanto, uma técnica de enfermagem teria feito confusão na hora de entregar os bebês para os pais.
Por isso, a PC pediu o arquivamento do caso, pois considerou que o procedimento não configura crime. Como não teve o nome divulgado, o Portal Dia não conseguiu contato com a defesa da técnica de enfermagem.
Já o advogado do pai de um dos bebês trocados, discordou da decisão do arquivamento, pois a gravidade dos fatos é “indiscutível”. Para a defesa, houve falha nos protocolos de segurança hospitalar e que a troca é, no mínimo, culposa. (Veja a íntegra da nota no final do texto.)

Relembre o caso
Os bebês nasceram no dia 15 de outubro de 2021 e as famílias chegaram a ficar juntas na enfermaria antes dos partos. Entretanto, as mães, Yasmin Kessia da Silva, de 22 anos, e Isamara Cristina Mendanha, de 26, passaram por cesarianas por equipes médicas diferentes e não se viram mais.
A troca dos bebês só foi descoberta em 2024, durante o processo de separação dos pais de um dos meninos. O homem desconfiava da paternidade devido a falta de semelhanças físicas.
O casal então decidiu fazer o teste de DNA, que deu incompatível com o pai e também com a mãe. O laboratório então pediu uma contraprova, que também atestou a incompatibilidade.
Nota da defesa de Cláudio, um dos pais
“As famílias dos recém-nascidos trocados nesta maternidade vêm, por meio desta, manifestar perplexidade e veemente discordância quanto à conclusão do inquérito policial que sugere o arquivamento do caso.
Agora, a gravidade da situação é indiscutível. Se ambas as crianças foram devidamente identificadas pelas pulseiras hospitalares, o que reforça ainda mais a tese de que houve erro humano, negligência ou imprudência grave por parte da equipe responsável — uma vez que, mesmo diante da suposta identificação, a troca foi efetivamente consumada.
A existência das pulseiras, portanto, não excluiu a ocorrência do fato. Pelo contrário: evidência de que, apesar dos mecanismos de controle existentes, houve falha na observância dos protocolos básicos de segurança hospitalar. A correta identificação das crianças e, ainda assim, a entrega equivocada dos bebês a famílias diferentes, configura conduta, no mínimo, culposa, que precisa ser apurada e responsabilizada nas esferas administrativa, cível e criminal.
O arquivamento do inquérito não é apenas prematuro, mas também um desrespeito à dor vivida pelas famílias, que sofreram abalo emocional profundo ao descobrirem que passaram anos com filhos trocados em seus braços. Uma conduta omissiva ou negligente dos profissionais de saúde não pode ser naturalizada nem isenta de responsabilização.
As famílias mantêm confiança de que o Ministério Público dará a devida atenção aos fatos e tomará providências cabíveis para que este caso não seja encerrado sem justiça. O que está no jogo é a dignidade de duas crianças, a integridade de duas famílias, e a confiança de toda a sociedade nos serviços de saúde.”
Kuniyoshi Watanabe

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