A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) exonerou mais da metade dos cargos comissionados, totalizando 420, sem previsão de retorno. O objetivo é reduzir os gastos, especialmente com a folha de pagamento.
A empresa pública está sob gestão do coronel Cleber Aparecido dos Santos e acumula, de gestões anteriores, uma dívida bilionária e um histórico de supersalários.
Em efeito comparativo, alguns servidores chegaram a ganhar valores superiores ao teto constitucional e ao valor recebido pelo prefeito de Goiânia e também pelo presidente da República.
Exoneração de servidores na Comurg
Um dos primeiros atos da nova gestão, seguindo determinação do prefeito Sandro Mabel, foi o desligamento de 420 servidores, de um total de 800 postos de livre indicação. A expectativa é cortar R$ 3 milhões da folha de pagamento mensal dos servidores.
Entretanto, o objetivo é extinguir 95% dos comissionados, seguindo um processo de reestruturação do quadro de colaboradores.
Além disso, o pacote de corte de gastos da Comurg também inclui a proibição da realização de horas extras e paralisação do pagamento de gratificações.
A reestruturação ainda prevê a extinção de cargos comissionados, chefias como superintendência e diretorias, e benefícios a efetivos, além da revisão da forma de cálculo de quinquênios, segundo a nova administração da empresa pública. Essas mudanças precisam passar pelo conselho de administração.
Conforme o secretário municipal da Fazenda, Valdivino Oliveira, o corte de gastos é fundamental para reduzir a dívida da Companhia, que já chega a mais de R$ 2,358 bilhões. O valor representa mais da metade das dívidas da Prefeitura de Goiânia.
Atualmente, segundo o secretário, a folha atual de pagamento chega R$ 41 milhões por mês, incluindo encargos trabalhistas em relação aos salários de dezembro.
Oliveira destaca que, com a mudança, a folha deve cair para R$ 28 milhões mensais. Junto com o custeio, a expectativa é que o valor chegue a R$ 30 milhões.
Em entrevista à TV Anhanguera, o prefeito Sandro Mabel destacou que, quem não trabalha, será demitido do cargo.
“Quem não trabalha vai para rua mesmo. Não tem conversa. Nós temos que diminuir o tamanho. O LimpaGyn e Comurg custam R$ 100 milhões por mês, mas eu consigo fazer o mesmo trabalho por R$ 28 milhões.”, destacou.
Supersalários
A folha de pagamento da Comurg registra montantes astronômicos, com valores até 18 vezes maiores ao vencimento básico, conforme levantamento feito pela TV Anhanguera.
Em alguns casos, um servente de obras, com salário base de R$ 1,5 mil, recebeu em novembro de 2024 o valor de R$ 18 mil, com gratificações. Já um pedreiro, com salário base de R$ 2 mil, recebeu mais de R$ 15,8 mil.
Em outros casos, também em novembro, um coletor de resíduos e uma jardineira, que tem salário mínimo como vencimento, receberam R$ 17,3 mil e R$ 19,2 mil, respectivamente. Já um motorista somou R$ 27 mil.
Alguns trabalhadores também apareceram ganhando acima do teto constitucional, que é de 44.008,52. Um trabalhador da limpeza urbana, recebeu R$ 50,3 mil, e outros dois assessores ganharam mais de R$ 59 mil.
Em nota, o ex-prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (SD), afirmou que os valores dos servidores são decorrentes de “direitos adquiridos ao longo de décadas de vínculo empregatício”, com servidores com contratos efetivos variando de 16 a 45 anos, não sendo, portanto, contratados em sua gestão.
Além disso, o ex-prefeito apontou que os salários são compostos por “quinquênios, benefícios incorporados e adicionais acumulados ao longo de suas carreiras. Tais benefícios estavam em conformidade com a legislação que rege as relações entre a Comurg e seus colaboradores”.