A pequena Isis Eloah Ferreira, atualmente com 1 ano e 1 mês, nasceu com quatro rins, uma condição rara conhecida na medicina como ‘rins supranumerários’.
Moradora de Formosa, no Entorno do Distrito Federal, a bebê teve parto cesáreo prematuro e, desde então, precisou passar por cirurgia e diversas internações.
Entenda o caso da bebê que nasceu com quatro rins
De acordo com o médico urologista-pediátrico Hélio Buson, chefe do setor de urologia do Hospital da Criança em Brasília (HCB), que cuida do caso da menina, a condição é extremamente rara e existem cerca de 100 registrados na literatura mundial.
Segundo ele, a má formação acontece ainda na gestação, durante a formação do rim. Ele explica que o motivo ainda não foi descoberto, mas afirma que pode ocorrer o desenvolvimento de mais de um rim de cada lado.
“O rim é um órgão que é formado a partir de um broto, que surge do lado da bexiga. Esse brotinho vai estimular um tecido que está do lado da bexiga e se transformar em um rim. Esse broto pode ser duplicado e a partir daí, formar um rim com dois tubos, que vão drenar esse rim ou dois rins”.
O médico explica que a presença de múltiplos rins não é considerada anormal para o organismo. Dessa forma, é possível que eles permaneçam imperceptíveis ao longo da vida, sendo notados apenas na idade adulta ou, em alguns casos, passando completamente despercebidos.
Entretanto, no caso da pequena Isis, um dos rins apresentou uma obstrução, deixando muita urina acumulada. O órgão então se transformou um uma “massa abdominal”, comprimindo outros órgãos e dificultando a alimentação.
Desta forma, a equipe médica optou pela retirada do rim, que foi encaminhado para estudo após a cirurgia. O especialista Buson explica que o órgão não estava apto para doação, pois os vasos sanguíneos não são totalmente normais.
“Quando você tem rins supranumerários os vasos sanguíneos não são totalmente normais. Então, pegar um rim de uma pessoa que tem esse tipo de malformação e doar para um outro, você iria provocar um problema muito grande para quem vai receber esse rim. Ele não tem vasos sanguíneos que possam ser facilmente aproveitados para fazer um transplante”.
Gestação e nascimento
Thalia Silva, de 21 anos, mãe da pequena Isis conta que a gravidez não foi planejada e que o pai da menina não quis se envolver na criação da menina. Atualmente, ela está em outro relacionamento.
Com o nascimento prematuro, a menina precisou ficar em uma incubadora no Hospital de Sobradinho (DF), onde a equipe médica ainda não havia detectado os rins supranumerários.
Posteriormente, ela foi transferida para o Hospital da Criança José Alencar, também no DF, onde os médicos suspeitaram da condição rara. Segundo Thalia, aos cinco meses, durante uma cirurgia, o caso foi confirmado.
Após a retirada do órgão, a mãe da menina afirma que ela tem uma vida normal e não apresenta mais problemas renais. No entanto, por ter ficado muito tempo em sedação quando nasceu, tem pulmões frágeis e qualquer gripe pode se tornar uma pneumonia.
“No momento ela está estável da função renal, apenas tem algumas outras complicações causadas pelo o tempo de intubação, pois nasceu prematura. […] Não temos previsão de alta desses retornos, pois precisamos ir uma vez na semana, às vezes até duas, para retornos com várias especialidades. Foi muito tempo de internação e ela nasceu prematura, então, isso causou alguns atrasos”, conta a mãe.
Atualmente, pouco mais de um ano após o nascimento, a mãe da menina afirma que é difícil, mas é satisfatório saber que minha filha é rara e única.
“É uma menina muito valente e forte. Tenho vídeos e fotos que mostram o quanto ela já sofreu, mas também sempre persistiu em continuar. Sei que papai do céu tem uma linda história para a minha filha e a nossa família”.