Foi preso na tarde de terça-feira (9/5), no interior de São Paulo, o médico Álvaro Ianhez, condenado a mais de 21 anos de prisão por retirar órgãos de uma criança viva.
O caso aconteceu em Poços de Caldas, Minas Gerais, em abril de 2000. Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, foi a vítima do crime.
Prisão de médico condenado por retirar órgãos de criança viva
▪️ O médico foi condenado em abril de 2022 por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e pelo fato da vítima ser menor de 14 anos.
▪️ A prisão foi feita 23 anos após o crime, depois que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu cassar a liminar que impedia a prisão de Ianhez.
▪️ O médico foi encaminhado para a cidade de São Paulo (SP), mas deve ser transferido para uma unidade de Minas Gerais. O processo é responsabilidade do Departamento Penitenciário de Minas Gerais.
“A Secretaria de Estado de Segurança Pública e Justiça de Minas Gerais já foi comunicada pelo MPMG da prisão.”, informou o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em nota.
▪️ O Portal Dia não conseguiu localizar a defesa do médico, mas o espaço segue aberto para manifestação.
Outras condenações
▪️ De acordo com o MPMG, o caso ficou conhecido como ‘Máfia dos Transplantes’ e contou ainda com a condenação de outros dois médicos, que pegaram penas de 25 anos de prisão. Um outro médico foi absolvido pelo júri.
Entenda o caso Pavesi
▪️ Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, foi internado no Hospital Pedro Sanches após cair de uma altura de 10 metros do prédio onde morava.
▪️ Dois dias depois ele foi transferido para a Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas, onde teve os órgãos retirados.
▪️ Os pais do menino receberam a informação que ele tinha sofrido morte cerebral devido um traumatismo craniano.
▪️ Os médicos então disseram que os órgãos da criança também haviam sido retirados e enviados para o banco de transplantes da unidade.
▪️ Entretanto, segundo o MPMG, os rins e córneas retirados da criança foram encaminhados a pacientes do próprio médico e também para uma clínica privada, contrariando a Lei de Transplantes.
- Investigação: Técnica de enfermagem e familiares são indiciados por sequestro em maternidade de Goiânia
▪️ A desconfiança surgiu depois que os pais receberam uma conta de quase R$ 12 mil referente aos medicamentos usados para a remoção dos órgãos.
▪️ Neste caso, todo o processo deveria ter sido custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
▪️ A Polícia Federal então começou a investigar o caso e constatou que o exame para atestar a morte cerebral do menino foi feito de forma irregular.
▪️ Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a documentação foi forjada com objetivo de tornar a criança uma doadora de órgãos.
▪️ Na denúncia do MP, consta que a equipe médica cometeu atos e omissões voluntárias para forjar a morte da criança.
▪️ Durante o julgamento do médico, em abril de 2022, o advogado da família da criança, Dino Miraglia, levantou um questionamento sobre a forma que os médicos agiram.
“Se o menino estava com morte cerebral, para que anestesiou? Anestesiou porque não tinha morte cerebral. Se não tinha morte cerebral, não podia ter transplante”.