Nesta sexta-feira (22) uma pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), concluiu que 7 mil crianças são mortas em média por ano. De 2016 a 2020, 35 mil crianças e adolescentes foram assassinados no Brasil, e ainda que, a quantidade de crianças de até 4 anos mortas cresceu 27% em 2020.
“É assustador. Pouquíssimos países no mundo tem mais de 7 mil mortes de crianças por ano. É um volume muito alto”, diz Danilo Moura, Oficial de Monitoramento e Avaliação do Unicef no Brasil.
Moura explica que apesar dos Estados Unidos terem uma população mais numerosa que a do Brasil, eles tem somente cerca de 3 mil mortes de crianças e adolescentes por ano. Segundo o oficial, a América Latina tem 8% da população mundial “quase metade dos homicídios de crianças, maior parte cometida no Brasil. Os níveis de violência são muito alarmantes”, enfatiza.
A pesquisa também descobriu que mais de 31 mil das vítimas tinham entre 15 a 19 anos, e que em 19 anos cerca de 1.070 crianças de até 9 anos foram assassinadas, sendo que 213 foram só no ano de 2020. Isso corresponderia uma solução de uma morte a cada dois dias.
O estudo concluiu que as crianças morrem vítimas de violência doméstica, e os adolescentes morrem vítimas da violência urbana. “São dois fenômenos diferentes, crianças de até 9 anos morrem vítimas de violência doméstica. Crianças e adolescentes de 10 a 19 são mais vítimas de violência urbana, que tem a ver com o que acontece especialmente nas cidades e com um percentual maior de mortes decorrentes de intervenção policial”, explica Sofia Reinach, coordenadora editorial do estudo.
Maioria das crianças e adolescentes assassinadas são negros
Ainda de acordo com o estudo, foi constatado que a maioria das crianças mortas são as negras. Até nove anos, 40% das crianças foram mortas dentro de casa; 56% eram negras e 33%, meninas.
Os meninos negros são a maioria das vítimas em todas as faixas etárias. A medida que as crianças ficam mais velhas a prevalência do grupo aumenta, chegando a ser quatro a cada cinco entre 15 a 19 anos. Esse total equivale que em um total de mortes 80% delas são de negros.