A investigação que apura suposto envolvimento do presidente do PP em Goiás e secretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Alexandre Baldy, foi remetida ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O encaminhamento foi feito depois que o Ministério Público de Goiás pediu o arquivamento da investigação por falta de provas sobre as suspeitas de caixa dois.
A decisão foi tomada pelo juiz Wilson da Silva Dias, da 134ª Zona Eleitoral de Goiânia, em razão da citação por delatores do conselheiro do Tribunal de Contas de Goiás, Sebastião Tejota. O vice-governador de Goiás, Lincoln Tejota (Cidadania), que é filho do conselheiro, também foi citado no suposto esquema na área da saúde junto a Baldy.
As delações do caso Baldy
De acordo com as delações, Baldy teria, supostamente, interferido no governo de Goiás em 2014 para viabilizar pagamento atrasados pleiteados pela Pró-Saúde, empresa que administrava o Hospital de Urgências da Região Sudoeste (Hurso). Na época ele era filiado ao PSDB.
“Após uma ou duas semanas, Paulo C Mara e Edson foram a Goiás e participaram de reunião na casa de Alexandre Baldy, em Goiânia, com o Tejota – ‘teria a pasta da saúde’ e Deusdete (área das OSs em Goiás). Nessa reunião, Tejota disse que resolveria o ‘problema das contas da Pró-Saúde’, mas para isso a Pró-Saúde precisaria ajudar com uma doação de campanha ao seu filho, Lincoln Tejota, candidato a deputado estadual à época. Ricardo Brasil que teria realizado o pagamento de R$ 500mil. Sabe, porém, que a doação não foi oficial”, disse o delator Edson Giorno.
Uma outra delação, do ex-diretor financeiro da Pró-Saúde Carlos Giraldes, ainda apontou supostos pagamentos a uma pessoa de codinome TJ, que segundo o delator, seria o pai de Baldy e um irmão dele. Segundo o delator, quando esteve em um almoço em Goiânia, em 2014, com a presença de Giorno, Baldy, Sebastião e Lincoln Tejota, eles foram a um órgão público onde o “pai de Baldy” teria mostrado “uma sala cheia de dinheiro em espécie” a Giorno. Na decisão, o eleitoral Wilson da Silva Dias registra, no entanto, que o “pai e o irmão” de Baldy citados pelos colaboradores seriam, na verdade, Sebastião e Lincoln Tejota.
Baldy chegou a ser preso em agosto do ano passado na Operação Dardanários, um desdobramento da Lava-Jato do Rio de Janeiro. O secretário foi solto no dia seguinte, após o Supremo Tribunal Federal considerar a prisão ilegal. Posteriormente, o caso foi remetido à Justiça Eleitoral de Goiás por determinação do ministro Gilmar Mendes.
A defesa de Baldy nega as acusações e afirma que ele não ocupava cargos nos órgãos em que os delatores dizem que houve esquema.