A organizadora do Miss Goiás, Maria de Fátima Abranches Castro, de 61 anos, é investigada pela Polícia Federal (PF) na Operação “Harém BR”, por suspeita de aliciamento de modelos para o tráfico internacional de mulheres.
Fátima chegou a ser presa durante a operação na semana passada, mas responderá ao processo em liberdade após habeas corpus concedido pela Justiça no último dia 29 de abril. Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos no apartamento da coordenadora, em Goiânia.
De acordo com a PF, ela teria aliciado uma jovem goiana que foi para Santa Cruz de Lá Sierra, na Bolívia. Em áudios trocados por um aplicativo de mensagens, Fátima aparece, supostamente, negociando mulheres com Rodrigo Cotait, suspeito de ser o chefe do grupo criminoso.
“Fátima tudo bem? Eu preciso de alguma miss, alguma miss que tenha título importante, até Brasil, não precisa ser desse ano não, pode ser de qualquer ano tá, é cache milionário é coisa de cinquenta mil euros para uma semana”, pergunta Rodrigo Cotait em áudio.
A coordenadora agora responde pela prática dos crimes de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual e rufianismo, quando se tira proveito de prostituição alheia. As podem podem chegar a cinco anos de reclusão e multa, caso seja condenada.
Defesa da organizadora do Miss Goiás que é suspeita de aliciamento para tráfico internacional de mulheres, segundo PF
Em nota, o advogado de Maria Fátima, Paulo Guilherme, disse que recebeu com “perplexidade” a notícia sobre as medidas contra a sua cliente, mas “foram imediatamente rebatidas judicialmente, resultando em sua liberdade. Acerca dos fatos atribuídos à cliente, a defesa informa que está empenhada na compreensão de todo o procedimento investigativo e se manifestará após o inteiro acesso. Seguimos inteiramente à disposição das autoridades envolvidas”.
Já a defesa de Rodrigo Cotait, disse à TV Globo, que foi alvo de um mandado de prisão ilegal. Diz ainda que ele confia no Poder Judiciário e espera que essa “injustiça” seja reparada o mais breve possível.
A reportagem não conseguiu localizar os responsáveis pelo Miss Goiás para posicionamento. O espaço continua aberto.
Operação Harém BR
A Polícia Federal (PF) deflagrou na última terça-feira (27/4) a Operação Harem BR, que tem por objetivo desarticular um grupo criminoso voltado ao tráfico e exploração sexual de mulheres. Há também mandados em Goiânia.
Os policiais federais deram cumprimento a nove mandados de busca e apreensão e oito de prisão preventiva. De acordo com a PF, cinco alvos dos mandados foram incluídos na lista da Interpol por suspeita de estarem fora do País, mais precisamente no Paraguai, Estados Unidos, Espanha, Portugal e Austrália.
Os mandados de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara da Justiça Federal em Sorocaba, foram cumpridos nas cidades de São Paulo (SP), Goiânia (GO), Foz do Iguaçu (PR), Venâncio Aires (RS), Lauro de Freitas(BA) e Rondonópolis (MT).
Investigações da PF
As investigações começaram em 2019, após o desdobramento da Operação Nascostos, que desarticulou um grupo de estelionatários que praticava fraudes pela internet, mediante a clonagem de cartões de crédito.
De acordo com a PF, foi descoberto que os estelionatários compraram, com cartões clonados, duas passagens aéreas para garotas de programa , que viajaram a Doha, no Catar. “Uma vez identificadas, essas vítimas de exploração sexual relataram cerceamentos de direitos a que foram submetidas nesse destino, bem como que receberam as passagens de um indivíduo que as agenciou para a prática dos atos de prostituição.”, relatou a PF.
Com o avanço das investigações, a PF identificou uma rede de aliciadores que atuava na exploração sexual, tanto em território nacional, quanto no exterior. Até o momento, a investigação apurou que o grupo criminoso promoveu a exploração sexual no Brasil, Paraguai, Bolívia, Estados Unidos, Catar e Austrália. Há indícios, ainda, de que em algumas viagens ao Paraguai foram aliciadas pessoas menores de 18 anos.