Os motoristas do transporte coletivo da Grande Goiânia anunciaram a paralisação dos serviços a partir da meia noite desta sexta-feira (9/4). A categoria reivindica a vacinação dos trabalhadores na ativa.
De acordo com o presidente do Sindicato Intermunicipal de Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Goiânia (Sindicoletivo), Sérgio Reis, os motoristas estão constantemente expostos ao vírus, por isso, é essencial a vacinação.
Conforme estimado pelo presidente do sindicato, o governo teria que direcionar cerca de 7 mil doses para vacinar os 3,5 mil funcionários do transporte coletivo, para aplicação da primeira e segunda dose. Outras pautas trabalhistas também devem ser solicitadas no ato.
Motoristas do transporte coletivo anunciam greve, mas SET é contra a medida
Em nota, o Sindicato das Empresas do Transporte Coletivo da Região Metropolitana (SET) afirmou que é a favor da vacinação dos profissionais, mas é contra a paralisação do serviço. “… a paralisação do serviço não é a solução, pelo contrário, trata-se de uma ação ruim para toda a população na região metropolitana de Goiânia.”, informou.
Na nota enviada, o SET ainda apresenta um estudo onde aponta que o “transporte público não é vetor de contaminação”. “Pesquisadores da Universidade de Stanford, na Califórnia, criaram um modelo que sugere os lugares onde há mais chances de alguém se infectar com o novo coronavírus. Indicaram que restaurantes e academias são os lugares com maior chance de transmissão entre pessoas sem máscara e os ônibus urbanos nem sequer foram citados no levantamento. O artigo foi publicado no início de novembro (10), na revista científica “Nature”, uma das mais importantes do mundo.”, diz o trecho da nota.
Veja um trecho nota:
“Paralisar o transporte público neste momento será muito danoso para as cidades atendidas pela RMTC – Rede Metropolitana de Transportes Coletivos, e para a manutenção dos serviços essenciais, em especial os setores de saúde e alimentação, que correspondem a 55% de todos clientes que fizeram o cadastro no Embarque Prioritário”, avalia Alessandro Moura, vice-presidente do SET. E acrescenta que “vivemos um momento crítico, e é lamentável o uso político que está sendo feito por parte do sindicato dos trabalhadores com essa reivindicação, pois mesmo sendo a vacinação justa e apoiada e defendida pelo SET, a solução requer sensatez para buscar o pleito”.
Alessandro explica que todas as vacinas estão sendo distribuídas a partir do Plano Nacional de Imunização definido pelo Ministério da Saúde, que fez, inclusive a definição para as prioridades na vacinação.
A manutenção do transporte público é fundamental para que se mantenha os serviços essenciais funcionando. Como exemplo deste direito constitucional, o Supremo Tribunal Federal (STF), negou o recurso do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) para suspender a circulação dos ônibus do transporte público em Curitiba. Na noite desta quarta-feira (7), o presidente do STF, ministro Luiz Fux, julgou improcedente o pedido de suspensão da decisão do TJ. “Portanto, todos temos que trabalhar para manter o serviço em operação, dando sua contribuição para a manutenção da mobilidade e da vida de cada cidadão, mesmo tendo que assumir alguns riscos”, sentencia Alessandro Moura.
Vale ressaltar que o transporte publico coletivo nunca se configurou como vetor de transmissão. Pesquisas atestam que o ambiente do transporte coletivo não é o principal vetor de transmissão. Muito pelo contrário, os índices relacionados à contaminação dos profissionais do setor estão menores que a média das cidades. Como exemplo, o número de óbitos de motoristas, dos 2.462 que atuam na RMTC, 10 faleceram em virtude da covid-19, ou seja 0,41% do total de profissionais, desses, 3 pertenciam ao grupo de risco e estavam afastados desde o início da pandemia. Em Goiás o índice de letalidade da doença desde o seu início no estado está 2,47%. “Lamentamos profundamente sobre cada profissional que fica contaminado ou morre em decorrência da COVID-19. Isto deixa todos nós muito triste. Desejamos que todos sejam vacinados o mais breve possível, mas por outro lado sabemos o quanto é complexa toda solução que envolve o governo federal”, diz Alessandro Moura.