Em nota oficial, o Padre Robson se manifestou, no final da noite do último domingo (23/8), a respeito da revogação temporária do uso de ordens determinada pela Arquidiocese de Goiânia. O Padre Robson, que já havia pedido afastamento de suas funções do Santuário da Basílica do Divino Pai Eterno e da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), é investigado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) pelos crimes de apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e sonegação fiscal.
Diante da repercussão do escândalo, o arcebispo Dom Washington Cruz e o chanceler Dom Levi Bonatto, na condição de representantes da Arquidiocese, revogaram temporariamente o uso de ordens do padre Robson de Oliveira, em nota assinada no domingo. Na prática, ele fica impedido de administrar o batismo, assistir matrimônios, pregar a Palavra de Deus, servir a comunidade, enfim, realizar missas.
A assessoria do padre enviou uma nota ao Dia Online em que ele diz ter recebido a notícia da revogação com humildade e que ele é o maior interessado no esclarecimento de todas as questões.
Veja abaixo:
“O padre Robson recebe com humildade a revogação temporária do uso de ordens. Trata-se de um procedimento previsto no direito canônico. O ato reforça o pedido de afastamento da presidência da Associação Filhos do Pai Eterno e das suas funções no Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), que partiu do religioso, comunicado à Arquidiocese de Goiânia ainda na sexta-feira, 21. O maior interessado no esclarecimento de todas as questões e na total transparência de todas as suas ações é o próprio padre Robson.”
Operação Vendilhões
Conforme o MP-GO, possíveis crimes de apropriação indébita, lavagem de capitais, organização criminosa, sonegação fiscal e falsidade ideológica teriam sido praticados pelos dirigentes das três associações ligadas à Igreja Católica em Trindade, que recebiam doações em dinheiro de fiéis. A investigação está sendo realizada por intermédio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), na Operação Vendilhões. Foram bloqueados judicialmente R$ 60 milhões em bens imóveis e valores em contas bancárias dos envolvidos.
De acordo com o promotor de Justiça Sebastião Marcos Martins, que coordenou a ação, deflagrada na manhã de sexta-feira (21/8), está sendo analisada uma movimentação financeira equivalente a R$ 1,7 bilhão. Segundo ele, a fraude não atinge o montante na sua íntegra, mas, a partir da documentação apreendida, será possível definir o valor que foi desviado.
Teriam sido beneficiados com o desvio o padre Robson de Oliveira Pereira, que preside as associações da Afipe e uma rede de empresas e pessoas que foi criada para a realização das possíveis fraudes.