A dona de uma fazenda foi autuada e multada em R$ 300 mil pelo desmatamento de cerca de 530 hectares de uma área kalunga, em Cavalcante. A operação foi realizada pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), com apoio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema).
A ação teve início na última quarta-feira (3/6), na Fazenda Alagoas, onde ocorreu recente desmatamento de 530 hectares de vegetação nativa do cerrado. Segundo as investigações, o desmatamento, com uso de tratores correntões, ocorreu em terras quilombolas.
De acordo com a Semad, o desmatamento de quase mil hectares foi identificado em propriedades que ainda não foram desapropriadas, mas que estão dentro do território quilombola, e parte na Área de Proteção Ambiental (APA) de Pouso Alto, sob gestão do governo de Goiás.
Desmatamento em área kalunga: dona de fazenda vai responder por crime ambiental
Conforme a Dema, a região é riquíssima em biodiversidade, berçário das águas do Rio do Prata, abrigo e refúgio da fauna local. Segundo técnicos que acompanharam a ação, o material retirado seria utilizado para preparar o solo para o plantio de soja. Cerca de 300 toneladas de calcários foram apreendidas. A propriedade foi embargada.
As equipes também visitaram uma propriedade vizinha, onde tratores foram desembarcados recentemente e, acredita-se, poderia realizar desmatamento semelhante no território kalunga.
Momento de pandemia pode ter facilitado ações de desmatamento
“Nosso questionamento e o de todos é: como alguém desmata mais de 500 hectares e ninguém vê?”, questionou a secretária de Meio Ambiente, Andréa Vulcanis. “A resposta é que, em primeiro lugar os criminosos se valeram do período de pandemia para tentar agir nas sombras. Em segundo lugar, as imagens de alerta de desmatamento são geradas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que demora um tempo no processamento antes de dar o aviso de desmatamento. Então, o alerta não chegou e só soubemos por meio das denúncias”, explicou.