O governador Ronaldo Caiado (DEM) foi sabatinado na noite desta segunda-feira (6/4), no programa Roda Viva, da TV Cultura. Durante a entrevista, feita por videoconferência, ele reforçou a confiança no trabalho da equipe do Ministério da Saúde diante da pandemia do coronavírus e disse que não é o momento de embates políticos. “Politizar um momento de saúde é algo que não podemos admitir. É inaceitável continuar essa queda de braço”, declarou ele.
Caiado defendeu ainda que é necessário buscar a pacificação, pois temos um “inimigo invisível” que deixou sequelas nos países que afetou. O governador, que também é médico, pontuou que em 44 anos de profissão é a primeira vez que vê algo assim [pandemia] e declarou: “Quem entende, neste momento, é o Ministério da Saúde.”
Caiado comenta sobre possível demissão de Mandetta
Ao ser questionado sobre a possível demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o governador de Goiás definiu o momento como uma verdadeiro “cabo de guerra”. Ele comentou ainda que achou acertada a decisão do presidente Jair Bolsonaro em manter o ministro da Saúde e toda a sua equipe.
“Estamos entrando agora na fase preocupante da pandemia. Ainda bem que não tivemos nenhuma mudança. Em seus boletins, Mandetta mostra confiança e conhecimento de causa, embasando tudo em critérios científicos, estudos e nos protocolos dos mais modernos que existem. O termos à frente, com sua equipe, que tão bem sabe conduzir, e todo o seu know how, tranquiliza a população”, considerou Caiado.
No combate ao coronavírus, o governador defendeu a união de forças, pois não é a tese de um presidente, ou de um governador, isoladamente, que deve prevalecer. “É a tese da ciência. Ou vamos nos ater aos procedimentos, protocolos técnicos; ou vamos incorrer em achismos. O achismo pode funcionar bem no futebol. Na Medicina, de maneira alguma”, ponderou ele.
Em seguida, Caiado pontuou sobre os líderes italianos que tiveram de pedir desculpas por estimularem a população a ter uma vida normal, o que fez com que a doença ganhasse força, e citando a mudança de tom do presidente norte-americano Donald Trump e do primeiro-ministro inglês, Boris Johnson, este que deu entrada na UTI com quadro de saúde agravado pela covid-19.
Caiado espera que Bolsonaro entenda “a liturgia do cargo que ocupa”
Na entrevista, Caiado também comentou sobre as declarações e medidas polêmicas de Bolsonaro sobre as medidas de isolamento adotadas pelos governadores. O governador ainda reconheceu que Bolsonaro tem forte apoio entre seu eleitorado, por sua “capacidade de mobilização ímpar”, e que espera que, a partir de agora, ele realmente entenda a liturgia do cargo que ocupa.
Ele comentou o episódio em que declarou que as ações de Bolsonaro, a respeito do coronavírus, não alcançariam Goiás. “Naquela hora, ele estava desautorizando seu aliado. As pessoas ficaram sem saber se deviam acatar a decisão do presidente ou o decreto do governador. Diante disso, proclamei que as decisões não alcançariam o Estado de Goiás”, ressaltou.
Caiado vê setor agrícola como uma “grande válvula para futura recuperação”
A respeito da economia, Caiado concordou que “teremos momentos difíceis”, mas continua otimista em relação à situação do Brasil, que tem a oportunidade, em função da cronologia da pandemia, de usar como parâmetro protocolos e ações adotadas por países como China e Itália, afetados anteriormente.
Ele enxerga principalmente no setor agrícola a grande válvula para futura recuperação. “Teremos momentos difíceis, é verdade. Mas vejo o Brasil com uma posição privilegiada exatamente na parte de segurança alimentar. Os países terão uma dificuldade muito grande de repor estoques, de voltar a ter uma produção. Enxergo o Brasil podendo dar um passo rápido no sentido de poder ir aos poucos recuperando, não aquela curva ascendente do dia para a noite, mas com muito mais chances em relação aos países que são 100% industrializados e terão uma dificuldade enorme em poder exportar seus produtos”, declarou.
O programa Roda Vida desta segunda-feira (6/4) teve a apresentação de Vera Magalhães, e participações de Conrado Corsalette, do Nexo; Maria Cristina Fernandes, do Valor Econômico; Madeleine Lacsko, da Gazeta do Povo; Graciliano Rocha, do BuzzFeed News BR; e Alexandra Martins, do BR Político.