A busca pela igualdade social das mulheres passa também pelo mundo dos negócios. Embora os desafios sejam muitos, elas representam um número expressivo que já somam 24 milhões de empreendedoras no Brasil, segundo dados recentes da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM).
O País está em 7º lugar na proporção entre os sexos, e desbanca nações desenvolvidas como Estados Unidos (17º) e Canadá (13º). Os números foram analisados pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – (Sebrae) que mostrou também, que de cada 10 mulheres que tentam empreender, apenas 3,9 conseguem se tornar donas do próprio negócio, enquanto essa proporção entre os homens é de 6,5. Isso demonstra os desafios que as mulheres enfrentam na hora de se tornar empresárias.
Neste dia 8 de março, selecionamos histórias de duas empreendedoras que mesmo diante das dificuldades não desistiram e conseguiram realizar o sonho de um negócio próprio, rentável e bem-sucedido.
Necessidade
Perder a mãe sempre é um grande trauma na vida de qualquer um, mas quando esse episódio acontece aos 15 anos é ainda mais complicado, por não ter um apoio nas fases mais difíceis na vida de uma mulher. Mas mesmo com tamanha dor, Thaynara Mendes Alvarenga de Carvalho, sabia que precisava continuar, e aos 16 anos começou a trabalhar em uma panificadora onde o pai era pizzaiolo.
“Trabalhava de domingo a domingo, limpando chão, lavando vasilha… Ninguém te dá uma oportunidade melhor quando não tem experiência”, relembra. Ela endossa uma outra estatística levantada pelo GEM, que mostra que 44% das mulheres empreendem por necessidade, enquanto a realidade atinge 32 % dos homens.
Depois de alguns anos Thaynara se candidatou há uma vaga de vendedora em uma loja de cosméticos, mas mesmo não tendo conhecimento na área, a sua vontade de aprender conquistou a sua chefe, que pagou cursos para ela se aperfeiçoar. “Fui subindo de cargo até me tornar gerente. Sou eternamente grata a ela por essa oportunidade, mas conforme fui aprendendo, foi surgindo uma vontade de abrir o próprio negócio”, diz.
A jovem pediu demissão e abriu um salão em uma região distante, mas percebeu que o mercado empreendedor é mais difícil do que imaginava. “Tomei um choque de realidade. Tem muita coisa envolvida, impostos, administração…”, ressalta Thaynara, que para complementar a renda comprou balinhas e pirulitos para vender na porta das boates, até que o dono do estabelecimento a contratou para trabalhar à noite. “Por nove meses trabalhei durante o dia no salão, à noite vendendo balas e na limpeza da boate depois do expediente”.
Nesse mesmo período a microempreendedora fez cursos de sobrancelhas, alongamentos de unhas e tudo que envolvia o seu negócio. Em dezembro de 2019 ela abriu sua esmalteria no Estação da Moda Shopping. “Sou muito grata por todas as etapas que passei. Hoje tenho uma empresa organizada e sei valorizar o ser humano. Continuo fazendo cursos para me aperfeiçoar e se precisar fazer a unha do pé de uma cliente eu faço. Não tenho problemas em colocar a mão na massa. Sempre falo para as pessoas não escolherem serviço. Se quiser alguma coisa tem que ir atrás”, frisa Thaynara que hoje tem três funcionárias e está em negociação para ampliar o seu negócio.
Outra história inspiradora é de Sebastiana de Siqueira Nunes, oitava filha de 10, foi criada pela mãe sozinha. Com sete anos já trabalhava de babá para ajudar na renda da casa. Até os 18 anos trabalhou como doméstica e aos 19 arrumou o primeiro emprego de carteira assinada como vendedora. “No primeiro mês minha patroa disse que eu não servia para o trabalho, mas isso me fez trabalhar com ainda mais vontade”, afirma.
Ana, como é mais conhecida, chegou a trabalhar em telemarketing, onde se destacou nas vendas, tornando-se líder, supervisora e gerente. Foi depois de trabalhar em uma empresa internacional, quando resolveu abrir o próprio negócio em 2009. “Fiz um curso e comecei a investir no ramo de moda”, diz.
A microempreendedora começou a fazer feira nos fins de semana, mas percebeu que era preciso expandir para obter mais lucros. “Lembro que às vezes a chuva caía com tanta força que tinha que segurar a banca para que não tombasse. Cheguei a voltar para casa sem ter vendido nenhuma peça de roupa, mas nunca me abati”.
Em 2014 Ana abriu a primeira loja Região da 44, em 2017 foi para o Estação da Moda Shopping, para ter mais segurança e clientes mais selecionados. “Em 2019 abrimos uma segunda loja no mesmo shopping e hoje temos três empresas em Goiânia onde atendemos o Brasil inteiro no atacado e varejo. O marido, que era mecânico, foi trabalhar com a esposa nas lojas de modinha onde ela emprega outras cinco vendedoras. “Acredito no meu sonho e nunca vou me abater. Com minha empresa já comprei minha casa, carro, moto e temos uma vida abençoada”, finaliza a empresária.