Em recente entrevista à revista Exame, o presidente da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, falou sobre a crise que se instalou entre a empresa de fornecimento e distribuição de energia e o governo de Goiás. De acordo com o presidente da empresa de origem italiana, o diálogo é buscado pela Enel mas ela recorrerá aos tribunais se for o caso para manter a concessão no estado.
Cotugno afirmou que a Enel comprou uma empresa (se referindo à Celg) que o “investimento não cobria nem a depreciação”, e que desde então passou a investir R$ 800 milhões por ano, o que, conforme o presidente, é três vezes mais do que os aportes feitos anteriormente.
Nicola Cotugno disse que, mesmo com os investimentos feitos pela empresa, estão havendo “críticas muito pesadas em relação à performance” dela em Goiás. “Temos reguladores que estão avaliando os resultados segundo os planos. Mas aí virou uma discussão política e midiática. E esse clima tem afetado a percepção dos clientes. Não queremos entrar em uma luta com o governo, mas não podemos esquecer as avaliações qualitativas que mostram que há uma melhora”, alegou.
O presidente da Enel no Brasil também comentou as recentes ações do governo de Goiás, que enviou manifestação para a Procuradoria-Geral da República sobre a questão da empresa no Brasil e, através de seu líder na Assembleia Legislativa, apresentou um projeto para encampação dela. De acordo com Cotugno, o próprio ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, determinou que a anulação da concessão é inconstitucional e informou que não descarta a possibilidade de recorrer à Justiça para manter o fornecimento e distribuição de energia em posse da Enel.
“A empresa está disposta a manifestar e expressar as razões pelas quais acredita que essas ações [do governo Caiado] não têm fundamento. Vamos enfrentar o processo jurídico para esclarecer isso. Obviamente, preferimos o diálogo. Mas se para defender o direito, precisaremos ir para o tribunal, nós iremos”, declarou.
Presidente da Enel no Brasil diz que segurança jurídica é tema de preocupação para investidores que vêm ao país
Nicola Cotugno foi questionado sobre a repercussão fora do país da rixa travada entre a empresa Enel e o governo de Goiás. Para ele, a situação é tema de debate, uma vez que gera nos investidores a preocupação com segurança jurídica. “É claro que desse caso específico, é uma percepção distinta. É uma pena pensar que teremos que ir para tribunais quando estamos conscientes de que estamos fazendo um bom trabalho. Quanto ao mercado, o tema da segurança jurídica é uma das grandes preocupações dos investidores de virem para o Brasil”, afirmou.
Ainda segundo Cotugno, um termo de compromisso foi assinado, e “agora depende do governo abrir a porta para discutir o problema de um jeito mais objetivo”.