A desaceleração da inflação em agosto foi mais intensa para as famílias de renda mais alta, enquanto os mais pobres viram os preços dos produtos mais consumidos por eles aumentar um pouco mais, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda mostra que as famílias com renda mais baixa sentiram uma inflação de 0,12% em agosto. No mesmo período, o custo de vida aumentou 0,08% para as famílias de renda mais elevada.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que faz uma média da variação de preços para as famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos, ficou em 0,11% em agosto.
Os preços do grupo Habitação foram os principais responsáveis pela inflação mais elevada para os mais pobres, segundo o Ipea. “As altas de itens de grande peso na cesta de consumo desse segmento, como energia elétrica (3,85%), aluguel (0,63%) e taxa de água e esgoto (1,34%), geraram um forte impacto”, diz a nota sobre o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda.
Apesar da alta nesses preços, houve alívio nos gastos do grupo Alimentação, com queda em alguns itens importantes, como tubérculos (-10,7%), verduras (-6,5%), carnes (-0,75%) e leites e derivados (-0,30%).
Por sua vez, a inflação percebida pelos consumidores de renda mais elevada desacelerou mais por causa, especialmente, da deflação nas passagens aéreas. Na média, o preço dos bilhetes ficou 15,7% mais barato em agosto, o que “possibilitou uma contribuição ainda mais favorável do grupo Transportes, implicando um alívio adicional sobre a inflação dessas famílias (da faixa de renda mais alta)”.
O indicador do Ipea separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar de até R$ 1.638,70 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 16.391,58, no caso da renda mais alta.
A taxa de inflação das famílias de renda mais baixa acumulada em 12 meses até agosto de 2019 ficou em 3,62%, mais elevada que a da faixa de consumidores mais ricos, de 3,36% no período. O IPCA acumulado em 12 meses até agosto de 2019 foi de 3,43%.