Com sede em Goiânia, a All Invest, uma empresa de “consultoria especializada em gestão empresarial, de negócios e gestão pessoal” (conforme apresentado no site), foi apontada em uma investigação feita pela reportagem do jornal O Globo como uma ofertante de propostas surreais de investimentos que circulam pelo WhatsApp e em outras redes sociais. As promessas da empresa, que nega a prática, são de rentabilidade bem acima das praticadas em aplicações autorizadas na Bolsa (reguladas por órgãos competentes).
Conforme a reportagem, a All Invest seria um exemplo de empresa sem registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM, órgão regulador do mercado) dentro de uma “profusão de esquemas aparentemente fraudulentos que se multiplicam no país”. Ainda de acordo com o veículo, no ano passado, a CVM abriu 39 processos para averiguar queixas ou denúncias sobre firmas e pessoas não regularizadas.
Acreditando ser um cliente, uma funcionária da All Invest disse a um repórter do O Globo que é garantida “uma rentabilidade de 15% a 20%”. Segundo a funcionária, identificada como Jackeline, o investimento mínimo por parte do cliente é de R$ 1 mil, e a empresa garante uma rentabilidade acordada em um “contrato jurídico firmado em cartório”, graças a investimentos na Bolsa e no que chamou de “gestão e reestruturação de empresas”.
“A Bolsa é um mercado volátil. Mas, a partir do momento em que você assina o contrato, garantimos seu recebimento final. Estamos vindo, de janeiro pra cá, de uma alta constante na Bolsa”, diz a funcionária.
A empresa ainda usaria as redes sociais, como o WhatsApp, para viralizar as ofertas de investimentos e lucro surreal como meio de captar clientes.
All Invest negou trabalhar com a Bolsa
Ao Dia Online, Guilherme Marques, um funcionário da All Invest, ao contrário do que foi confirmado por Jackeline, negou que a empresa trabalhe com investimentos na Bolsa.
De acordo com ele (versão também dada pelo advogado da empresa), a All Invest faz aportes em “empresas em declínio” e o que faz “é captar recursos para emprestar a essas empresas”. Procurado pela reportagem do O Globo, Cleuson Souza Carvalho Real, proprietário da All Invest, foi perguntado se tinha autorização do Banco Central para oferecer crédito. Ele admitiu que não: “Estamos correndo atrás”.
Ele também não soube explicar como esse tipo de operação tem rentabilidade tão elevada.
Procurada, a CVM disse que “acompanha e analisa informações e movimentações” no mercado, “tomando as medidas cabíveis, sempre que necessário”. E ressaltou que a empresa citada não tem autorização para atuar no mercado de capitais. Segundo a CVM, o investidor não deve tomar decisões com base “em opiniões manifestadas na internet” nem acreditar em ofertas de sites, “normalmente acompanhadas de promessas de ganho rápido ou sem risco.”