“Minha vida”. É o que escreveu um pai abaixo da ilustração do rosto do filho no braço direito. O menino de 12 anos morreu tragicamente em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, em Goiás, na madrugada de sábado (30/3).
A morte do menino Thiago de Araújo Sousa Filho foi incomum. Ele ficou com a cabeça presa na porta do micro-ônibus de um tio. Foram pelo menos 12 minutos de agonia. Se alguém para imaginar pele menos 1 minuto por que Thiago passou pode ficar sem ar.
Em entrevista à TV Anhanguera após o sepultamento no domingo (31/3), o pai que batizou o o filho com seu próprio nome, disse: “Ele era a minha vida…” A frase saiu como sopro.
Thiaguinho, como era chamado, não tinha mais sonho quando o pai tinha apenas uma certeza: não abraçaria mais o filho.
O homem de voz grave parecia que se desmontaria a qualquer momento enquanto era entrevistado. Alguma força, contudo, ele tinha quando puxou a manga da camiseta e revelou a tatuagem.
A tatuagem é a forma que encontrou para deixar eternamente na própria carne um filho sepultado. Com a agulha e tinta, o tatuador refez um filho que Thiago, o pai, não veria nunca mais.
O adolescente, conforme informou a família, tentava verificar dentro do micro-ônibus por que a porta não abria. De repente, a portão o prensou.
Menino tentou escapar, mas estava preso pelo pescoço em Goiás
No cenário de horror, Thiago, filho, tentou escapar, mas estava preso. E a respiração lhe faltou. Não podia gritar porque a voz dele ia se acabando do lado de dentro do veículo.
Quando foi encontrado, ser ar, Thiago foi levado às pressas para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Luziânia. Sem que a unidade pudesse oferecer atendimento à complexidade do caso, o menino foi levado para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).
Horas depois, o coração de Thiago, já cansado de resistir, parou de bater na madrugada de sábado.
O pai, que já havia sentido a pior do mundo – que é não poder fazer nada para salvar o filho da falta de ar nos pulmões – desabou. Gritou. E era o grito de dor mais silenciado porque gritar de verdade não pode. Alguém imagina o que é um grito de pai?
A reportagem do Dia Online tem contado diariamente a história de mães e pais que não sabem como sobrevivem depois que são obrigados a deixar os filhos em sepulturas de cemitérios escuros.
Thiago, o pai, é um desses sobreviventes. E decidiu deixar a agulha do tatuador falar pela dor.
Afinal, todo fim tem um começo. E o começou para o Thiago pai veio com o exame de farmácia ou de sangue: seria pai. Pai de um novo Thiago.
“Thiaguinho, Thiaguinho”, gritavam, enquanto seu corpo era descido para sempre do abraço do pai para dentro de uma sepultura.