Juliana Resende, de 33 anos, trabalha de analista em um armazém da mineradora da Vale em Brumadinho. Já Dennis Silva, de 34, é técnico de planejamento e controle. Segundo parentes, os dois se conheceram na empresa, começaram a namorar pouco depois e casaram. Recentemente, a família até cresceu. Há cerca de dez meses, vieram os primeiros filhos. Dois meninos: gêmeos. “Quando estava começando a construir uma família, acontece uma catástrofe dessa”, diz Alese Junior Resende, de 19 anos, irmão de Juliana.
Por causa da pouca idade, as crianças ainda não sabem que os pais estão desaparecidos nem que a família suspeita que podem ser encontrados sem vida, sob a lama. “Os meninos são muito novos para saber o que aconteceu, mas estão inquietos desde sexta. Não ficam mais do mesmo jeito. Acho que, querendo ou não, eles sentem”, relata.
À família, contaram que Juliana estaria em uma reunião quando a barragem estourou. “As pessoas dizem que ela pegou a mochila, colocou nas costas e foi para outro lugar. De lá, a gente não sabe mais de nada”, diz Resende. “Notícia não tem nenhuma, nem boa nem ruim.”
Segundo o irmão, os parentes ficaram incomodados após os bombeiros anunciarem a suspensão de buscas por boa parte do dia. Os bloqueios na cidade também impediram de tentarem achá-los por conta própria. “Esse trem todo deixa a família ainda mais angustiada”, afirma. “É um descaso com a população.”
Juliana deixava os filhos na casa da mãe cedo pela manhã. À noite, voltava com Silva para buscá-los. “Minha mãe já chorou muito, agora está mais calma”, diz Resende. “A gente dá chá para ela, ela reza para Nossa Senhora de Aparecida o tempo todo.”
“Na sexta, ela perdeu o horário do trabalho. Só que ela nunca faltou ao serviço, então pegou o carro e foi para lá. Parece que Deus não queria…” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.