Pela primeira vez, o cantor Matheus, de 19 anos, da dupla Zé Luccas e Matheus, fala o que sabe sobre a última noite de vida da motorista de aplicativo Vanusa da Cunha Ferreira, de 36 anos.
Em entrevista exclusiva ao Portal Dia Online, conta que foi enganado pelo marceneiro Parsilon Lopes dos Santos, que se apresentava como Camargo.
Ele conta que foi procurado pelo suspeito, que lhe contou que era empresário e tinha interesse em patrocinar a dupla.
“Não imaginava que ele seria capaz desta covardia”, disse sobre o crime contra a motorista de aplicativo.
Parsilon foi apresentado à imprensa na manhã desta quarta-feira (23/1) como o único responsável pelo crime. A delegada do caso, titular da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (DEIC), Mayana Resende, informou ao Dia Online que descartou a participação dos três jovens.
“Eles foram apenas testemunhas”, disse.
O depoimento de Matheus à delegacia de Goianésia foi fundamental para indicar o suspeito. “Contei ao delegado que antes do Parsilon gravar o vídeo na mesa do bar, ele chegou a falar que queria beijar a Vanusa, na frente da gente, mas que não podia pela opção sexual. Ainda falei para ele respeitar ela.”
Parsilon, segundo Matheus, ficou agressivo. “Ele começou a me xingar. Me chamou de doido”, relata.
Segunda voz da dupla, Matheus mora com o pai em Goianésia. Estava em Goiânia, na casa da mãe, quando recebeu ligação do homem que se dizia empresário com a motorista de aplicativo.
“Ele falou que ia pagar passagem para o Luccas viajar para Goiânia porque a gente ia cantar. Tudo em cima da hora. Ainda falei que a gente não ensaiava há um tempo, mas ele insistiu”, lembra.
Filho de uma família humilde, de pai pedreiro e mãe empregada doméstica, Matheus disse que não vai desistir do sonho de cantar mesmo com a dúvida: “Alguém vai querer ouvir a dupla depois disso? Ainda tem gente acusando a mim de participação no crime.”
Zé Luccas, de 22 anos, é o único filho. O pai morreu quando ele tinha apenas seis meses de idade quando sofreu acidente. Caminhoneiro, morreu quando bateu o caminhão.
Mãe doente
Luccas encontrou na música a saída para se livrar da tristeza de acompanhar o sofrimento da mãe.
Dias depois da primeira visita de Parsilon, a mãe de Luccas sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Depois vieram outros cinco.
Mesmo dependendo do filho para banho, comida e para se locomover em uma cadeira de rodas, Luccas acreditou que vindo a Goiânia conseguiria uma vida melhor. “Minha mãe perdeu a visão e não consegue fazer nada sozinha.”
“Queria trabalhar com a música para ajudar minha mãe que vive com cerca de 600 reais por mês”, conta. “Dinheiro vai todo para os remédios”.
Na entrevista anterior ao repórter, Luccas lembrou que a mãe chorou antes de ele sair com a mala com as poucas roupas que conseguiu comprar desde a doença.
Luccas ainda não voltou para casa porque não tem dinheiro. “Aquele cara enganou a gente. Minha mãe está tentando conseguir dinheiro para eu voltar.”
Motorista de aplicativo queria viajar para o exterior
Para a dupla, seguir a carreira é uma forma de homenagear Vanusa que, para os meninos, era uma amiga.
“Ela torcia por nós”, afirma Luccas, com voz embargada.
Em uma das mensagens enviadas ao Luccas pelo Whatsapp, ela diz que os meninos “cantam pra caramba” e “torço pelo sucesso de vocês”.
Em outro diálogo, revelou que tem o sonho de viajar para França ou Portugal. Luccas perguntou se ela trabalharia como enfermeira. Ela respondeu que trabalharia de cuidadora ou Uber.