Há quatro meses sem a PEN-VE-ORAL (fenoximetilpenicilina potássica), crianças que lutam contra anemia falciforme em Goiás agora estão sem outro medicamento, o Hydrea (hidroxiuréia), usado para controle de crises. Consequentemente, o uso do remédio ameniza a necessidade de transfusões de sangue e o número de internações dos pacientes com doença falciforme. Em Goiânia, a droga custa em média R$ 257,89.
A PEN-VE-ORAL é fornecida exclusivamente pelo Ministério da Saúde (MS), repassada às secretarias e em seguida encaminhados aos postos de distribuição, sendo eles o Hospital das Clínicas, a Secretaria de Saúde de Senador Canedo. O Hydrea é fornecido pela Secretaria Estadual de Saúde (SES/GO) e distribuída por meio da Central de Medicamentos de Alto Custo Juarez Barbosa.
Ao Dia Online, os pais denunciam a demora para o repasse do remédios e pelas redes sociais pedem socorro pela vida dos filhos. “A medicação ajuda os pacientes a viver. Recebemos a informação de quem não tem nem previsão pro remédio chegar. Dá mesma forma com o PEN-VE-ORAL, até hoje nada”, relata Stefania Batista do Nascimento, mãe de uma criança portadora de anemia falciforme.
Falta remédio para anemia falciforme desde setembro de 2018 em Goiás
Em setembro do ano passado, o Dia Online já havia sido procurado pelo mesmo grupo de pais que denunciavam a falta do medicamento PEN-VE-ORAL (fenoximetilpenicilina potássica), usado na prevenção de infecções em crianças de até cinco anos. Até hoje, 20 de janeiro de 2019, quatro meses depois, o remédio ainda não foi repassado para as unidades de Saúde de Goiás.
Por meio de comunicado, divulgado no dia 28 de agosto, o Ministério da Saúde informou que a empresa fornecedora do medicamento assumiu o compromisso de recolhimento e substituição dos frascos que viessem a vencer nos estoques do Ministério da Saúde, mas há atraso no cumprimento desse compromisso, o que prejudica no abastecimento.
Respostas
Em nota, a SES-GO informou ao Dia Online que o medicamento Hydrea (hidroxiuréia) deve chegar, de forma emergencial, a partir do dia 11 de fevereiro. Ainda de acordo com o texto, “a regularização da produção do medicamento está prevista para a segunda quinzena de março deste ano.”
Veja a nota:
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), por meio da sua Central de Medicamentos Juarez Barbosa, informa que de forma emergencial, a Central obteve, por empréstimo, um quantitativo do medicamento Hidroxiureia 500 mg (princípio ativo), que deverá chegar a partir de 11 de fevereiro. A regularização da produção do medicamento está prevista para a segunda quinzena de março deste ano.
Duas empresas eram responsáveis pela produção do fármaco: a Bristol, que descontinuou sua fabricação; e a EMS, cujo laboratório pegou fogo em 20 de outubro de 2018. Portanto, existe uma situação de descontinuidade no abastecimento.
Já em relação ao PEN-VE-ORAL, a SES/GO explicou que “trata-se de medicamento distribuído diretamente pelo Ministério da Saúde ao Hospital das Clínicas e às Secretarias Municipais de Saúde.” A reportagem entrou em contato novamente com o Ministério de Saúde, mas até o momento, não obteve retorno. O espaço está aberto para manifestação.
Caso Glorinha e a anemia falciforme
Desde maio de 2018 o Dia Online acompanha a história de Glória Stefany Batista Prado, de quatro anos, que luta contra a anemia falciforme. A mãe de Glorinha protagonizou um dos momentos mais emocionantes da Pecuária de Goiânia 2018, quando subiu ao palco e ganhou, durante o show do sertanejo Gusttavo Lima, um tratamento avaliado em R$ 50 mil que pode salvar a vida da filha.
Reveja o momento transmitido com exclusividade pelo Dia Online:
Stefania, que já iniciou o tratamento de fertilização in vitro, é uma das mães que espera pela disponibilização dos remédios distribuídos pelo Ministério da Saúde. “As autoridades não olham para os pacientes com anemia falciforme. “As crianças estão perecendo”, desabafa.