Promotores do Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) afirmaram nesta semana que o ex-diretor do Centro de Saúde do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), Ricardo Paes Sandré, tentou “intimidar testemunhas” para que elas mudassem depoimentos em que contavam supostos assédios morais e sexuais que estão sendo investigados. De acordo com a Promotoria, há, inclusive, relatos de uma servidoras de que Sandré, que também é genro do presidente do TJ-GO, andava com uma “arma de fogo na cintura, e fazia questão de deixar evidente”.
Conforme a Promotoria, Ricardo Sandré foi denunciado por 42 vítimas. Ele é investigado em inquérito civil público e em processo administrativo interno da Corte desde maio do ano passado.
A promotoria ainda afirma que as tentativas de intimidação contra as mulheres foram comprovadas.”Temos casos de tentativa registrada e comprovada dentro dos autos de intimidação de testemunhas. Não é que eu ouvi dizer. Está gravado. O investigado tentando influenciar depoimento de testemunha que aqui esteve”, informa a um jornal local.
Segundo o MP-GO, Sandré teria entrado em contato com uma testemunha para que assinasse um termo em que acusaria uma promotora de tentar manipular seu depoimento. Além da gravação, a testemunha confirmou, em depoimento, a sondagem do investigado. Os promotores ainda relatam que as 85 testemunhas ouvidas confirmam que Sandré chegou a sacar uma arma em meio a uma reunião.
“Essa questão da intimidação por arma, que aconteceu em determinado momento em uma reunião, todos que ouvimos aqui, disseram que aconteceu, tanto pessoas que viram e pessoas que ouviram dizer, em que ele teria tirado uma arma e dito que andava armado”, afirmam.
Segundo os promotores, há “um relato de uma servidora que diz que ele usava a arma na perna ou na cintura e que sempre fazia questão de mostrar que a arma estava ali e isso gerava a ela muito receio”. Segundo a Promotoria, as denúncias de assédio sexual prescreveram para a esfera criminal e, por isso, Sandré pode ser processado por improbidade administrativa, que envolve perda do cargo e aplicação de multas. O MP, no entanto, não descarta representações por crimes contra a administração pública.
Entenda o caso do ex-médico do TJ-GO acusado de assédio sexual por funcionárias do órgão
Em inquérito que corre desde maio de 2018, sete mulheres – funcionárias e estagiárias do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) – acusam o servidor de carreira e ex-diretor do Centro de Saúde da Corte, Ricardo Sandré, de assédio sexual e moral quando este era responsável pelo departamento de saúde do Tribunal. Entre vários relatos registrados, uma das mulheres conta que o médico, que também é genro do presidente do TJ-GO, teria dito a ela, em um momento dela de irritação por causa das insinuações sexuais, que “adoraria acalmá-la na cama”. As supostas vítimas do ex-médico do TJ-GO foram convocadas a depor na Corte entre os dias 18 e 21 de janeiro.
Inicialmente, elas prestaram depoimento ao Ministério Público do Trabalho (MPT). O caso foi então encaminhado à Promotoria estadual. Após as denúncias, em maio do ano passado, Sandré pediu exoneração do cargo de diretor do Centro de Saúde do Tribunal e requereu a abertura de processo administrativo interno na Corte. Entre 20 de setembro e 19 de dezembro, ele gozou de licença-prêmio, concedida pela Secretaria de Recursos Humanos do TJ de Goiás. Atualmente, está em férias.
Em dezembro do ano passado, Sandré divulgou uma nota onde alegou que os relatos contra ele “não condizem com a verdade, sequer remotamente”. Leia a íntegra aqui.