O médium João Teixeira, mais conhecido como João de Deus, voltou a ser ouvido pelos promotores do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) na tarde desta segunda-feira (14/1). O depoimento do médium que é acusado de abusos sexuais durante os procedimentos na casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, começou por volta das 14h e terminou quatro horas depois.
Para ouvir João de Deus sobre as denúncias de abusos feitas por mulheres de Goiás, Distrito Federal e São Paulo, os promotores da força tarefa que cuidam do caso foram até o Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.
O depoimento do médium ao MP, que também investiga as acusações, foi o segundo que ao órgão concedido pro João de Deus. O médium que já prestou esclarecimentos em outras ocasiões, foi ouvido sobre as denúncias pela terceira vez, duas pelo MP e uma pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO).
Interrogatório de João de Deus foi para levantar elementos para segunda denúncia do MP contra o médium
O MP após ouvir João de Deus pela primeira vez, apresentou a primeira denúncia formal do Ministério para que o suspeito se tornasse réu pelos crimes de abusos sexuais contra quatro mulheres. O pedido foi aceito pela juíza da comarca de Abadiânia e o médium vai ser julgado por estes crimes.
A promotoria afirmou que algumas vítimas são de outros Estados e que elas foram ouvidas nas suas respectivas localidades. Conforme o MP as declarações estão incluídas nos autos das investigações, e a partir delas o órgão vai oferecer na próxima semana a segunda denúncia por abuso sexual contra João de Deus.
O caso João de Deus
O médium João de Deus, foi denunciado durante uma reportagem do programa Conversa com Bial da Rede Globo de Televisão, no dia 7 de dezembro de 2018, por abusar sexualmente de suas pacientes na casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia. A partir da matéria veiculada, duas forças tarefas foram criadas em Goiás para investigar o caso, uma pelo MPGO e outra pela PCGO.
João de Deus apareceu na casa que ele mantêm na cidade, apenas na quarta-feira 12 de dezembro de 2018, e não foi visto depois desta rápida aparição. O médium só se entregou a polícia no dia 16 de dezembro de 2018 e desde então se encontra preso no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.
Durante esse tempo mais de 600 mulheres apresentaram denúncias contra o médium, que segue sendo investigado pelos crimes. No último dia 2 de janeiro de 2019, o médium precisou ser levado ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) pois durante uma revista médica, os agentes penitenciários encontraram sangue na urina de João de Deus. No hospital, o detento passou por uma bateria de exames, que constatou uma infecção urinária, diante do quadro o médium passou a noite internado e só retornou ao Núcleo de Custódia no dia seguinte (3/1).
Defesa pediu cancelamento do julgamento do Habeas corpus pleiteado junto ao Supremo Tribunal Federal (STF)
A defesa do médium tenta conseguir o habeas corpus desde o início dos processos, tenta usar como manobra para conseguir a liberação do cliente o estado de saúde de João de Deus. Desde que foi preso, os advogados tem trabalhado para derrubar os pedidos de prisão preventiva contra o médium, e durante as tentativas tiveram êxito no que se refere a prisão por porte ilegal de arma de fogo. Entretanto, o médium continua preso preventivamente pelas denúncias de abusos sexuais que pesam contra ele.
A defesa alega agora que o seu cliente se encontra debilitado e tenta mais uma vez conseguir o habeas corpus do médium, ou transformar a prisão de João de Deus em domiciliar. Os advogados além de pedir que João de Deus seja solto e responda em liberdade junto ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJO), recorreram também ao Supremo Tribunal Federal (STF). A demanda feita junto ao STF iria ser julgada pelo ministro e presidente do Supremo Dias Toffoli, mas no último sábado (12/1) a defesa optou por pedir o cancelamento do julgamento junto ao supremo, que foi aceita por Toffoli e esperar a decisão do TJGO.