Em meio a uma crise fiscal sem precedentes em Goiás, o atual governador Ronaldo Caiado, do DEM, e os ex-governadores Zé Eliton e Marconi Perillo, do PSDB, seguem em um ciclo de contradições e desentendimentos em praça pública para não assumir a culpa pelo visível estado de quase falência do Estado. Após pronunciamento de Zé Eliton e nota divulgada por Perillo, Caiado publicou nota em que chega a dizer, inclusive, que Zé Eliton aplicou “o calote nas famílias goianas que precisam do salário para custear suas mais elementares despesas”, e que o governo tucano lançou “mão de manobras e artifícios financeiros”, que instalaram a crise em Goiás
A crise se instala nos mais diversos setores da sociedade goiana, indo de OSs gestoras de hospitais com repasse atrasado até o funcionalismo público sem pagamento de salário. Como justificativa para a preocupante situação, Caiado vem afirmando que pegou o Estado quase falido, e que Zé Eliton “deu o calote” nos servidores goianos, ao não empenhar a folha de dezembro.
Caiado diz, ainda, que o tucano que o antecedeu deixou R$ 11 milhões em caixa para uma dívida de R$ 3,4 bilhões de reais, o que estaria dificultando a quitação regular da folha dos servidores. Em resposta às declarações de Caiado, Zé Eliton se pronunciou por meio de uma nota, onde diz que “não há impedimento legal ou orçamentário para efetuar neste mês [janeiro] o pagamento da folha de dezembro”, é que o não pagamento seria “apenas uma questão de prioridades da nova administração”
“O atual governo conta com recursos financeiros para iniciar o pagamento da folha de dezembro. Só de recursos do Fundeb, por exemplo, foram deixados em caixa mais de R$ 100 milhões, acrescidos dos recursos que ingressaram no corrente mês, que já são suficientes para pagar os salários dos servidores da educação. Além disso, a expectativa é de uma arrecadação estadual superior a R$ 800 milhões entre 1 e 10 de janeiro, o que permitiu inclusive ao atual governo anunciar o pagamento antecipado da maior parte da folha de janeiro, invertendo a ordem cronológica do pagamento em ofensa à Constituição em vigor”, diz um trecho da nota.
Zé Eliton ainda diz que “a qualquer momento, o empenho da folha pode ser feito sem prejuízos à administração pública, tanto que situações como essa não são inéditas”.
Em resposta à nota de Zé Eliton, Caiado se manifestou, através de seu secretário de Governo, Ernesto Roller, também por meio de nota, dizendo que “os ex-governadores Marconi Perillo e José Eliton precisam, antes de qualquer outra coisa, assumir suas responsabilidades, ou, mais apropriadamente, suas irresponsabilidades na gestão do Estado”.
Na nota, divulgada por meio da assessoria e assinada por Roller, é dito que o Governo de Goiás tem dívidas em todos os órgãos e programas, sem exceção, e que “todos eles tiveram seu pagamento preterido no ano passado para tentar assegurar a folha do funcionalismo e acobertar os problemas do Estado”. O texto fala ainda que boa parte das folhas do funcionalismo de novembro e dezembro sequer foi empenhada até o fim do ano.
Ao termina afirmando que, além de que Caiado já está buscando soluções para os problemas deixados por Zé Eliton e Marconi Perillo, “os ex-gestores já não são mais assunto de política ou administração do Estado, são casos de polícia e de Justiça, seja por pedaladas ou por desvio de conduta ética”.
Em meio à briga de Caiado e Zé Eliton, Marconi se manifestou dizendo que “nunca atrasou o pagamento do funcionalismo público”
Em meio ao caos nas contas públicas e os ataques e conflito público de declarações de Caiado e Zé Eliton, o ex-governador Marconi Perillo publicou uma nota em que diz, em provocação a Caiado, que jamais atrasou o pagamento dos servidores.
“Em 174 meses como governador, paguei 178 folhas e 46 folhas de 13º salário, sempre rigorosamente em dia, antecipadamente durante quase todo o tempo em que fui governador”, diz parte do texto.
Em outro trecho, o ex-governador ainda diz que o compromisso do governo tucano com o funcionalismo público estadual “é parte incontestável e inseparável do legado” que entregaram a Goiás em quatro mandatos. “Todas as metas do ajuste anual foram cumpridas. Isso garantiu a Goiás segundo melhor desempenho fiscal do País no ano passado, perdendo apenas para São Paulo. Também em 2017, o superávit fiscal do Governo de Goiás foi superior a R$ 600 milhões. Durante meus mandatos, todas obrigações fiscais e financeiras foram cumpridas. O PIB saltou de R$ 17 bilhões para previsão superior a R$ 200 bilhões para este ano”, declara.
O ex-governador finaliza fazendo um alerta para a “necessidade da Reforma Previdenciária”. “Sem uma reforma previdenciária que resulte em ajustes indispensáveis e imediatos, teremos desequilíbrios fiscais insanáveis no curtíssimo prazo”, diz.