O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, disse, em entrevista coletiva à imprensa no final da manhã desta quarta-feira (9/1), que a proposta do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), de entrar no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para equilibrar as contas públicas podem “engessar o Estado”. O presidente ainda fez um balanço do desempenho da indústria goiana em 2018 e falou sobre as perspectivas para 2019 diante das mudanças nos governos estadual e federal.
Segundo Mabel, a Fieg tem uma visão otimista para o Estado, que vem apresentando recuperação econômica ainda discreta, mas que pode tornar-se vigorosa a partir do segundo semestre ou mesmo cair na estagnação. De acordo com ele, depois de um 2018 de instabilidades, os rumos da economia goiana serão ditados, mais que nunca, pelo comportamento dos governos federal e estadual.
“Como a economia em todo o Brasil, a indústria também teve um crescimento pequeno em 2018. Estamos com boas perspectivas para 2019. A economia, as bolsas, os industriais e os consumidores estão mais entusiasmados. Com a entrada de Jair Bolsonaro na presidência e de Ronaldo Caiado, no Governo do Estado, temos expectativa que a indústria dê um salto, porque a economia também dará este salto”, avaliou Sandro Mabel, que assumiu a presidência da Fieg em 20 de dezembro para o mandato 2019/2022.
Entretanto, o presidente da Fieg não vê com bons olhos os próximos passos de Ronaldo Caiado para a tentativa de recuperação econômica de Goiás, que, segundo o próprio governador, foi entregue a ele pelo ex-governador Zé Eliton “em estado de falência”. De acordo com ele, a proposta de Caiado para entrar no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) pode “engessar o Estado”.
“A Fieg não é contra Goiás entrar no RRF. Temos a preocupação que Goiás encare o RRF como única alternativa de solução. Isso engessa o Estado sobremaneira, podendo criar uma condição de, na hora em que a economia der uma deslanchada, Goiás não ter instrumentos para deslanchar também”, explica Sandro. “Não estamos fazendo oposição à decisão do governador (Caiado). Apenas queremos ajudá-lo a encontrar alternativas e mostrar as consequências que possam afetar Goiás. O Estado não pode ser tocado só com a visão do fisco, do caixa. Ele é feito de desenvolvimento e precisamos desenvolver a economia para arrecadar mais”, reitera.
Fieg diz que retomada do crescimento do Estado depende do investimento na indústria
Para que a retomada do crescimento econômico em Goiás se faça robusto, a Fieg considera necessário o efeito de medidas, no âmbito federal, a exemplo de ajuste duradouro nas contas públicas, avanço nas reformas estruturantes, como a previdenciária e a tributária, e a adoção de iniciativas para melhorar o ambiente de negócios, entre as quais a desburocratização.
Conforme Sandro Mabel, a solução para a economia goiana voltar a crescer, é o incentivo à produção, ao desenvolvimento. Para tanto, ele vê a necessidade de políticas que incentivem a industrialização da matéria-prima produzida em Goiás, sobretudo no setor alimentício.
“Goiás tem uma grande condição de dar um salto em industrialização. Os grãos, que dominam nossa produção e é nosso ouro, não devem ser exportados in natura, como acontece hoje. Temos de criar um novo ciclo de desenvolvimento industrial, criar políticas para industrializarmos estes grãos em Goiás. Isso criaria milhares de empregos, o que será muito bom para o Estado. É nossa grande aposta para um novo ciclo de crescimento em Goiás”, afirmou Mabel, referindo-se ao incentivo fiscal de 5% que Goiás oferece para as exportações.