Em meio a crise na segurança pública, o governo do Ceará iniciou na noite deste domingo, dia 6, a transferência de detentos para presídios federais. Um preso já foi transferido, mas o local e a identidade dele não foram revelados. O governo estadual afirmou que outros 20 seriam levados para essas cadeias em breve.
O número de transferências pode aumentar nos próximos dias uma vez que o Ministério da Justiça já confirmou ao governo cearense que irá disponibilizar 60 vagas nas penitenciárias federais. A negociação das transferências foi feita diretamente entre o governador Camilo Santana (PT) e o ministro da Justiça, Sérgio Moro.
O Ceará viveu no domingo mais um dia de tensão e violência, mesmo com reforço no policiamento e a presença dos homens da Força Nacional de Segurança nas ruas. Dois suspeitos de participação em ataques foram mortos durante troca de tiros com a Polícia Militar na madrugada. No confronto, um PM ficou ferido na mão. De acordo com a polícia, o caso aconteceu após os suspeitos tentarem atear fogo em um posto de atendimento do Detran.
Na última quinta-feira, dia 3, um suspeito também foi morto após atirar contra uma equipe policial que estava atendendo uma ocorrência de dano a um fotossensor na rodovia CE-010.
De acordo com as autoridades, entre sábado e domingo, foram presas mais sete pessoas, totalizando 110 detenções desde o início da onda de violência, na quarta-feira (2).
Reforço
Neste domingo, 100 policiais militares da Bahia foram enviados pelo governador Rui Costa (PT) para reforçar o policiamento no Ceará. Os agentes vão se somar aos oficiais cearenses e aos homens da Força Nacional de Segurança, que foram enviados pelo governo federal na última sexta-feira. Os PMs baianos devem ficar no Estado até 20 de janeiro.
Segundo investigações, a origem dos ataques criminosos estaria ligada ao discurso do titular da recém-criada Secretaria da Administração Penitenciária, Luis Mauro Albuquerque.
O secretário afirmou não reconhecer o poder das facções rivais em unidades prisionais distintas e que não iria mais separá-los de acordo com a facção. Até o fim de 2018, membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) estavam na Casa de Privação Provisória de Liberdade 3 (CPPL 3). Integrantes da Guardiões do Estado (GDE), aliados do PCC no Ceará, eram levados à CPPL 2. Já criminosos ligados ao Comando Vermelho, às CPPLs 1 e 4. Presos sem ligação com quaisquer facções estão espalhados pelas unidades.
Insatisfeitos, os detentos teriam ordenado os ataques. Até domingo, o Estado contabilizava mais de 100 ataques criminosos a mais de 20 municípios. Ônibus, agências bancárias, delegacias, equipamentos públicos, veículos particulares, postos de combustíveis e supermercados foram atingidos.
Diante desse cenário, a Secretaria de Administração Penitenciária fez uma operação pente-fino nas cadeias do estado. Ao todo, 407 celulares e centenas de televisores foram retirados das unidades prisionais. Além disso, as unidades CPPL 1 e 3, localizadas em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza, tiveram visitas de familiares suspensas. A medida, segundo a pasta, tem relação com a indisciplina dos detentos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.