A famoso médium João de Deus, imerso em denúncias de abuso sexual e preso no último domingo (16/12), tem um passado mais sombrio do que se imaginava. Documentos trazidos à tona pela revista Veja no final da manhã desta sexta-feira (21/12) mostram que João Teixeira de Faria, hoje João de Deus mas já chamado de “João Curador”, já foi acusado dos crimes de tráficos de drogas e tortura, em Goiás.
De acordo com os documentos, no ano de 1985 João de Deus foi pego transportando uma carga de minério que seria contrabandeada para o exterior. Ele chegou a ser preso e, à época, o médium confessou o crime à Polícia Federal (PF) e afirmou que, caso o roubo tivesse dado certo, ele teria lucrado ao equivalente a R$ 3,5 milhões de reais.
Depois de 11 anos, conforme revela a Veja, ele foi alvo de investigações e acusações ainda mais graves. No ano de 1996, três homens foram presos e acusados de portar drogas, brigar com um segurança e furtar a bolsa de uma mulher atendida na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia.
Depois de concluso o inquérito, apenas um dos suspeitos por furto foi condenado. O caso, porém, voltou-se contra o médium, já que o juiz do caso detectou falhas de procedimento e concluiu que as acusações eram “manobras policiais coordenadas por João de Deus”.
João de Deus, ou “João Curador”, era o “juiz” e “delegado” nas sessões de tortura, segundo documentos
Os três homens relataram que, em janeiro de 1996, foram conduzidos para a delegacia e forçados a confessar o porte de maconha, depois de serem submetidos a sessões de tortura e ameaças de morte. Tais sessões eram comandadas diretamente por João de Deus, que eles chamavam de “João Curador”.
Segundo os depoimentos dos homens envolvidos no inquérito, verificados nos documentos trazidos pela Veja, João de Deus atuava como um “delegado” e “juiz” durante as sessões de tortura. Era ele quem interrogava e dava as orientações para o espancamento.
Um dos três acusados chega a fazer a revelação surpreendente que João de Deus traficava cocaína e que trabalharam juntos por mais de seis anos.
Na época, o Dr. Alderico Rocha dos Santos, o juiz responsável pelo caso, pediu ao Ministério Público a instauração de um inquérito. Depois de oito anos, o caso foi encerrado porque os crimes prescreveram.
A Polícia Civil de Goiás afirmou recentemente que todos os casos envolvendo João de Deus, mesmo que prescritos, são de “extrema relevância, pois servem de prova testemunhal” para as investigações em andamento contra o médium.