O Ministério da Educação (MEC) apresentou nesta quinta-feira, 14, uma proposta para a elaboração de uma nova base curricular para os professores. A ideia é que o documento seja referência para a produção de novas diretrizes curriculares da formação de docentes em todas as etapas da educação básica no Brasil.
Uma das principais propostas previstas é a possibilidade de que os professores precisem se submeter a um teste para que possam exercer a docência. Uma possibilidade é utilizar o resultado do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). “Ele pode servir como habilitação à docência, se for obrigatório para todos os licenciandos e realizados todos os anos”, diz o documento. Os alunos poderão fazer a prova durante a graduação ou depois dela. É mencionada ainda a possibilidade de que o exame sirva como parte do ingresso em concursos públicos.
O texto agora passará por análise do Conselho Nacional de Educação (CNE), assim como a recém-aprovada Base Nacional Curricular Comum (BNCC) do Ensino Médio, que define as diretrizes de ensino para os estudantes desta etapa.
Outra novidade apresentada é a substituição do estágio por uma residência pedagógica, promessa antiga no setor. A ideia é que os estudantes de licenciatura, assim como os de Medicina, aprendam também dentro do ambiente de trabalho, a escola, orientados por um professor experiente. A prática já é realidade em alguns colégios privados.
O estágio que hoje é feito pelos alunos foi considerado “totalmente desvinculado dos conteúdos curriculares e da prática profissional” pelo ministério. Na prática, o governo propõe que o aluno passe ao menos um dia da semana com atividades em uma escola conveniada. Cada instituição de ensino deverá ter associada uma ou mais escolas para a realização das atividades.
O texto dessa nova base prevê ainda a criação de um instituto nacional de acreditação para cursos de formação inicial, para garantir que eles estejam de acordo com a política nacional.
O documento trata de dez competências gerais e quatro específicas para os professores, em três diferentes dimensões: conhecimento, prática e engajamento profissional. “O bom professor precisa dominar essas competências e a sociedade precisa ter clareza do que se esperar do seu desempenho”, diz o ministério.
Estágio
A professora de História Julia Corrêa, de 28 anos, acredita que o estágio é fundamental para a formação do professor. ” O estágio me fez enxergar a sala de aula por outro ângulo. Eu consegui me colocar no lugar do aluno e ao mesmo tempo no lugar do professor”, disse.
Formada há quatro anos, a professora das redes pública e privada conta que começou a dar aula ainda durante o período em que fazia a faculdade e enfatiza que a universidade deve prezar pelas vivências práticas pedagógicas.
Júlia disse que fez estágio por um ano e que hoje convive com estagiários em sua sala de aula. ” Gosto de ter estagiários em minha sala de aula. Eles ficam bem à vontade. Se quiser somente assistir à minha aula, pode assistir. Se tiver vontade de assumir uma aula é só combinarmos”, explica Júlia.