O ritmo de devastação do Cerrado, bioma que já perdeu quase metade da área original, diminuiu no último ano. A taxa de perda de vegetação caiu 11% entre agosto de 2017 e julho de 2018, na comparação com o período anterior, que por sua vez tinha apresentado uma alta de cerca de 10%. A supressão de vegetação nativa chegou a 6.657 km² neste ano, ante 7.474,3 km² no anterior. Os dados foram divulgados ontem pelo governo federal durante a 24.ª Conferência do Clima da ONU.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o valor é o menor obtido ao longo da série histórica do chamado Prodes do Cerrado – monitoramento por satélites feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde 2001. “Este nível recorde mais baixo mostra claramente que a conservação e a produção podem trabalhar lado a lado. Mas ainda há mais trabalho para eliminar todo o desmatamento ilegal”, disse o ministro Edson Duarte.
O dado, divulgado em tom de comemoração, surge pouco mais de duas semanas depois de ser anunciado que o desmatamento da Amazônia, por sua vez, voltou a subir neste ano. A alta, de 13,7%, deixou a devastação da floresta em seu pior nível em dez anos. Foram perdidos, entre agosto de 2017 e julho deste ano, 7.900 km².
Perda histórica. A situação do Cerrado, tampouco, é motivo de tranquilidade, segundo uma nota técnica divulgada no fim da semana passada pelo Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (Ipam). “Cerca de 45% de sua área original já foi convertida, principalmente em pastagens e cultivos agrícolas, e suas taxas de desmatamento têm variado em torno de 10 mil km² ao ano nos últimos sete anos. Essa taxa é maior que a da Amazônia para o mesmo período – sendo que a Amazônia é duas vezes maior que o Cerrado”, alertou o trabalho, que avaliou o histórico de ocupação do bioma e a relação da perda da vegetação com o clima.
Os pesquisadores calculam que, entre 1990 e 2017, o Cerrado foi responsável por uma emissão agregada de 7 bilhões de toneladas de CO2. As emissões anuais do País estão em torno de 2 bilhões, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg). A atividade que mais contribui é a agropecuária.