Adultos e crianças de Santa Cecília, na região central de São Paulo, estão sendo imunizados desde a semana passada, após a notificação de um caso suspeito de sarampo. Até o momento, não há registro de casos confirmados da doença na capital.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, o caso que desencadeou a ação envolve uma criança que também frequentava o bairro da Mooca, na zona leste, por ter guarda compartilhada. O bloqueio, com imunização de pessoas não vacinadas, também foi realizado na região.
“Para cada caso suspeito, é necessário fazer uma busca intensa de pessoas não vacinadas para que não haja a circulação da doença na cidade. A busca é por locais visitados pela pessoa, como escola, creche, comércios e estabelecimentos perto da residência”, explica Maria Ligia Ramos Nerger, coordenadora do Programa de Imunizações.
Neste ano, até 24 de novembro, foram notificados 156 casos suspeitos de sarampo na capital. “Não temos nenhum caso confirmado. Desses, 107 foram descartados e os outros estão em investigação”, diz ela.
O bloqueio é realizado quando pacientes apresentam os sintomas clássicos da doença, como febre, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo (exantema), tosse, nariz escorrendo e conjuntivite (veja ao lado). “Ele é feito em oito quarteirões ao redor do caso e vai buscar os não vacinados. Não esperamos a confirmação para fazer o bloqueio, porque o sarampo é de fácil transmissão.” A ação costuma começar 72 horas após o contato com o paciente, mas pode ser feita depois.
A coordenadora diz ainda que equipes se preparam para outra ação de bloqueio que será feita no M’Boi Mirim, na zona sul, nos próximos dias.
Aviso
A reportagem presenciou e foi convocada para ser imunizada durante a ação em Santa Cecília. Uma equipe informou que estava vacinando pessoas na região porque “uma criança morreu e duas estavam hospitalizadas”. Um aviso com logomarca da Prefeitura e referências à Secretaria Municipal da Saúde foi colocado no elevador de um prédio e convocava moradores para vacinação. O comunicado afirmava que, na região, “foi detectado um caso com sorologia reagente”.
O auxiliar de cozinha Rubens Viragh, de 39 anos, foi um dos vacinados na terça-feira, 4. “Tenho medo de injeção, mas fiquei preocupado. Pensava que sarampo era coisa de criança.”
A secretaria diz que não há casos confirmados na cidade desde 2016 e o reagente pode aparecer em três situações: em pessoas que já tiveram o vírus, após a imunização ou quando o paciente está infectado. A pasta não se manifestou sobre a informação passada pelos agentes.
Infectologista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Celso Granato explica que “a sorologia reagente significa que a pessoa tem anticorpos para a doença”. “Como a vacina tem vírus vivo atenuado, pode dar positivo, mas não é pelo vírus selvagem.”
Cobertura
A preocupação da secretaria também diz respeito à baixa cobertura vacinal entre as crianças na capital, mesmo com a aplicação gratuita das doses e com a campanha realizada em todo o País em agosto. “No ano de 2017, em relação à tríplice viral, atingimos 86% de cobertura entre as crianças com 1 ano. A meta é 95%. Para 2018, a gente está com uma cobertura um pouco melhor, conseguimos atingir, até outubro, 97%, mas só a primeira dose. A segunda dose é menor e está aquém do esperado”, diz Maria Ligia.
Registros
No Estado de São Paulo, foram registrados três casos importados de sarampo neste ano, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde. No País, foram relatados 10.163, dos quais 9.695 foram no Estado do Amazonas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.